São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 1997
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Egito tenta deter a fuga de turistas

RANIA HEFNI
DO "AL AHRAM"

Numa tentativa de evitar que a indústria do turismo no país seja ainda mais abalada pelo atentado de ontem em Luxor, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, destituiu seu ministro do Interior e prometeu reforço na segurança.
Inspecionando o local do atentado, ele criticou duramente o ministro demitido, o general Hassan al Alfi, e anunciou um novo plano para para combater as "lacunas da segurança" em Luxor.
A ação terrorista matou pelo menos 68 pessoas, entre as quais 58 turistas estrangeiros. "Você fracassou", disse Mubarak a Al Alfi, que o acompanhou na visita.
"Ninguém da polícia estava aqui no momento do atentado? É uma região turística, e você está me dizendo que a polícia estava a dois quilômetros? É uma piada!", afirmou, dirigindo-se ao vice-ministro do Interior, Reda Abdel-Aziz.
Al Alfi foi substituído ontem por Habib el Adli, que era ministro-assistente para Segurança de Estado.
Mubarak disse que o novo plano de segurança estaria pronto hoje.
O presidente acusou os terroristas de receberem instruções do exterior e de não terem relação com o Islã. "Não há ninguém que se chama Gama'a al Islamia (Grupo Islâmico, que assumiu o atentado). São criminosos que se encontram em alguns países estrangeiros, que eu não quero nomear."
Mubarak afirmou que incidentes como o de Luxor poderiam ocorrer em qualquer lugar do mundo, como Europa e Estados Unidos.
A temporada de 1997-98 deveria ser a mais rentável no Egito em vários anos. As campanhas de promoção do Ministério do Turismo estavam a todo vapor.
O país estava na moda na Europa, e mais de 4 milhões de estrangeiros já visitaram o Egito desde janeiro deste ano.
O êxodo de turistas já começou. Sete aviões decolaram ontem de Londres para buscar os turistas britânicos que estão no Egito.
Em Genebra, as agências de viagens também anteciparam os vôos para trazer clientes de volta. A França também organizava ontem a repatriação de seus turistas.
O pior, porém, ainda está por vir. Diversas agências de viagem da Alemanha, Suíça e França estão cancelando os pacotes para o Egito que partiriam no mês que vem. O Japão, que desde janeiro aumentou em 20% o número de turistas que manda para o Egito, também deve desencorajar a ida de turistas.
Espera-se um impacto grande para o turismo no país, que representa 6,5% do PIB e gera 3 milhões de empregos, diretos ou indiretos. Ontem, a Bolsa do Cairo caiu 1,5%.

World Media/"Al Ahram". O grupo "Al Ahram" edita um jornal diário e um jornal semanal, com versões em árabe e em francês. O semanário tem circulação de 50 mil exemplares

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