São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Favela em área de risco é feita sobre os escombros de outra

Barracos foram erguidos em área em que ocorreu deslizamento

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O operário Edilson Arcanjo dos Santos, 18, levou uma semana e gastou, junto com mais sete pessoas, R$ 260 para construir um barraco em área de risco na favela Vila Préu, em Campo Limpo (zona sul de São Paulo).
A favela é construída em um morro no fim da rua Mário Akira Miura. Atrás das casas fica um barranco cheio de lixo. Na frente, um córrego e a avenida Carlos Caldeira Filho.
Ninguém na favela, apesar de saber do perigo, informou que Santos e seus parentes corriam risco de morte ao mudar para lá.
"O aluguel estava pesado, saímos para procurar favelas próximas e achamos esse espaço. Os moradores deixaram e mudamos para cá", conta Amara Lúcia da Silva, 29, mulher de Santos. "Ninguém falou nada", afirma o operário.
A favela, que já tem nove meses, tem 12 barracos, que foram erguidos sobre os escombros de outra favela, onde houve um deslizamento e mortes há quatro anos. O desempregado João Vicente de Araújo, 61, só descobriu que ali havia sido uma favela quando abriu o mato para construir seu barraco.
"Encontrei fundações das casas e vi que houve um desabamento aqui, mas não tinha mais como pagar aluguel e mudei."
Segundo ele, a prefeitura pôs mais de uma placa informando que o local é área de risco. Hoje, só resta uma. "O risco é grande, mas a necessidade obriga", diz Maria José Ferreira de Lima, 21.

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