São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Polícia ocupa morro no Rio atrás de sequestrado

DA SUCURSAL DO RIO

Cerca de 150 policiais civis ocuparam ontem a favela Dona Marta, em Botafogo (zona sul do Rio), para tentar encontrar o cativeiro de um rapaz sequestrado. Até o final da tarde, o suposto esconderijo não havia sido localizado.
Ao todo, os policiais civis prenderam 12 pessoas e apreenderam armamentos, munições e drogas. Em uma operação da Polícia Militar realizada de madrugada na mesma favela, um homem foi morto e outro, ferido.
As duas operações não teriam ligação. Soldados do 2º BPM (Batalhão de Polícia Militar) estariam realizando operação de rotina.
Já a operação da Polícia Civil, comandada pelo diretor da DAS (Divisão Anti-Sequestro), Marcos Reimão, era para estourar um suposto cativeiro e prender Márcio Amaro de Oliveira, 27, o Marcinho VP, condenado a 25 anos de prisão. Ele está foragido desde 96.
Moradores do morro viveram um dia de tensão. Alguns deles afirmaram que os PMs, de madrugada, invadiram casas, quebraram eletrodomésticos e agrediram moradores inocentes.
Policiais disseram que Anderson Augusto, 17, foi morto porque reagiu. Ele estaria com uma pistola, maconha e cocaína. Seu irmão Reginaldo disse que ele era biscateiro e estava descendo o morro quando foi agredido e morto por PMs.
Após a saída dos PMs do morro, policiais civis chegaram por volta das 6h. Traziam dois informantes, que percorreram a favela com os policiais usando máscaras carnavalescas e luvas -para não serem reconhecidos por traficantes.
Reimão afirmou ter uma informação segura de que o traficante Marcinho VP teria sequestrado o filho do dono de uma agência de venda de carros, em Botafogo, e levado-o para a favela Dona Marta.
No início da tarde de ontem, após policiais prenderem 11 pessoas e apreenderem uma granada, um fuzil e duas pistolas, o chefe da Polícia Civil, Manoel Vidal, determinou que várias unidades fossem dar apoio à operação no morro. Outro suposto traficante foi preso.
Reimão disse que os policiais só sairiam da favela após estourar o cativeiro. Se não houvesse sucesso, ficariam ali para tentar pressionar os homens de VP a soltar o sequestrado.
Por volta das 15h, quando um grupo de policiais atingiu a parte mais alta da favela, houve tiroteio.
A operação se tornou uma festa de confraternização de policiais de várias unidades. O cineasta Walther Salles Júnior, que rodava um documentário sobre violência em favelas, aproveitou a operação para filmar cenas da ocupação e depoimentos de moradores.
Bala perdida
Por volta das 7h30 de ontem, uma hora e meia depois de policiais civis começarem a ocupar a favela Dona Marta, Rafaela Braga Machado, 3, foi ferida nas costas por uma bala perdida.
Rafaela foi atingida de raspão nas costas por uma bala de fuzil, quando estava nas proximidades do portão de entrada do Colégio da Imaculada Conceição, na praia de Botafogo. Ela pode ter sido alcançada por uma bala disparada do morro Dona Marta. Rafaela foi medicada e liberada.

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