São Paulo, sábado, 22 de novembro de 1997
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Grupos gays querem campanha dirigida

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Os grupos gays estão se queixando de estar saindo de foco no cenário da Aids no Brasil. Homossexuais e bissexuais continuam formando o contingente mais atingido pela epidemia, mas afirmam que não há campanhas para eles.
"Esqueceram de nós", diz Luiz Mott, professor de antropologia da Universidade Federal da Bahia e presidente do GGB, Grupo Gay da Bahia. A queixa foi feita no 2º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST-Aids que terminou ontem em Brasília. As atenções estariam voltadas agora para a Aids em mulheres, em crianças e adolescentes.
Para o Ministério da Saúde, as portas sempre estiveram abertas para os homossexuais, mas os grupos estariam desmobilizados.
"Infelizmente, as ONGs não estão apresentando projetos", disse Cristina Pimenta, da Coordenação de Aids. Segundo ela, na última concorrência para projetos no semestre passado, só quatro das 60 ONGs de gays e travestis tinham propostas. No congresso de Brasília, nenhum dos trabalhos tratava da Aids entre homo e bissexuais.
O alto comando do movimento diz que muitas ONGs gays não têm condições de preparar os projetos. "Precisamos ser treinados para seguir as regras do ministério", diz Toni Reis, presidente do Grupo Dignidade, de Curitiba (PR), e secretário-geral da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis, a ABGLT.
Tomando o relatório Kinsey como referência, Mott estima que há no Brasil 8 milhões de homossexuais masculinos e 4,8 milhões de femininos. "Mais de 90% deles são enrustidos, não pertencem a grupo algum e não podem levar um folheto para casa", diz Mott. Para ele, o governo teria que fazer uma campanha pela TV e pelo rádio.

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