São Paulo, sábado, 22 de novembro de 1997
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Iranianos pedem morte de aiatolá liberal

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Milhares de iranianos pediram ontem a condenação à morte do aiatolá Hossein Ali Montazeri. O incidente foi mais uma etapa da disputa que se desenrola atualmente no país entre os partidários do líder espiritual do país, o aiatolá Ali Khamenei, e grupos islâmicos liberais, identificados com o presidente Mohammad Khatami.
Montazeri e outro líder religioso, Ahmad Azari Qomi, são acusados de pôr em dúvida a legitimidade constitucional e religiosa de Khamenei. A disputa remonta ao final da década passada, quando Montazeri chegou a ser indicado como sucessor do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini, mas depois caiu em desgraça.
A Justiça entrou na polêmica ontem, ao lado de Khamenei. O aiatolá Mohammad Yazdi, chefe do Judiciário, disse que os defensores de Montazeri participam de um complô de desestabilização patrocinado pelos EUA. "É o mesmo método que a América usa para tentar derrubar o governo cubano", comentou Yazdi durante a reza de sexta-feira.
Yazdi disse que os dissidentes estão sujeitos a sofrer os efeitos de uma revolta popular -os pedidos de morte contra Montazeri já são resultado dessa ameaça.
Os manifestantes deixaram a reza semanal na universidade gritando "Abaixo Montazeri, abaixo o assassino de Khomeini".
Desde 1989, quando sua indicação foi cassada pelo próprio Khomeini, Montazeri, 75, está em prisão domiciliar na cidade de Qom, um importante centro religioso xiita (o ramo do islamismo majoritário no Irã).
A eleição do moderado Khatami, em maio, parece ter dado novo alento às manifestações de Montazeri -entre elas reclamações sobre o tratamento dado a prisioneiros políticos.
Mas apesar da expressiva maioria com que Khatami foi eleito (com apoio de jovens, mulheres e intelectuais, dispensando a realização de segundo turno), a linha-dura, ligada a Khamenei, ainda demonstra bastante força -como ocorreu na manifestação de ontem.
Nesta semana, por exemplo, dois liberais, o filósofo Abdolkarim Soruch e o religioso Habibola Peyman, foram proibidos de discursar na universidade de Teerã.

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