São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997 |
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Governo quer votar estabilidade na 4ª DENISE MADUEÑO DENISE MADUEÑO; LUIZA DAMÉ
O governo montou nova ofensiva para tentar aprovar nesta quarta-feira o fim da estabilidade do servidor público, na continuidade da votação da emenda constitucional da reforma administrativa. O comando da reforma vai negociar novamente com os deputados da base aliada para tentar aprovar o dispositivo que permite a demissão de funcionários estáveis por excesso de quadros (quando os gastos com pessoal ultrapassam 60% da arrecadação). O ponto é considerado um dos principais da reforma. "Cada líder vai fazer uma operação 'pente-fino' em sua bancada", afirmou o vice-líder do PSDB na Câmara, Arnaldo Madeira (SP). Para a negociação, os líderes vão analisar a lista de votação da sessão de quarta-feira, quando foi aprovado o texto básico da reforma. "Vamos monitorar cada voto", disse o líder do PSDB, Aécio Neves (MG). Na votação, o governo conseguiu 43 votos a mais do que o número necessário para aprovar a emenda. Foram 351 votos a favor, mas o placar não deverá se repetir, segundo previsão dos governistas. "Não temos ainda os 308 votos para o item da estabilidade. Muitos deputados que votaram a favor da emenda declararam que se reservavam o direito de votar contra alguns pontos da emenda", afirmou o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE). "A dissidência vai ser um pouco maior, mas não compromete a aprovação do dispositivo", afirmou o líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA). Troca Os líderes governistas estudam uma alternativa para o caso de não conseguir os votos necessários para o fim da estabilidade: trocar a aprovação do dispositivo pelo item que prevê a redução do salário do funcionário público colocado em disponibilidade. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) já admitia essa possibilidade na quinta-feira. Segundo Temer, a troca era estudada pelos líderes governistas. Temer se propunha a intermediar um encontro entre os governistas e a oposição, no início da semana, para discutir o acordo. A estratégia governista é atender os pedidos dos deputados, mas, em contrapartida, os líderes endurecem na cobrança de fidelidade dos aliados. Inocêncio ameaçou expulsar os deputados do PFL que votarem contra a emenda. A votação do texto básico já produziu quedas no PTB. O líder do partido, Paulo Heslander (MG), puniu o deputado Philemon Rodrigues (MG), destituindo-o da vice-liderança, porque o parlamentar votou contra o texto do relator, Moreira Franco (PMDB-RJ). "O governo não pode deixar de cumprir o acordo de liberar as emendas. Nós temos de cumprir a nossa parte", afirmou Heslander. O ex-prefeito paulistano Paulo Maluf (PPB) também atuou como fiscal da bancada de seu partido na votação de quinta-feira passada. O resultado foi que os deputados do PPB contribuíram com 59 votos favoráveis à reforma. Voz das ruas Para tentar convencer os deputados da base, o governo conta também com a pressão da opinião pública. O tom do discurso foi dado pelo próprio Fernando Henrique Cardoso, que disse, após a vitória de quinta-feira, que aqueles que votaram contra a reforma pagariam um alto "preço eleitoral". Segundo líderes governistas, o deputado não perderá votos na próxima eleição se ficar a favor da quebra da estabilidade, porque a sociedade estaria a favor da demissão de servidores públicos. Texto Anterior: Prefeito do PSDB chama Maluf de 'meu governador' Próximo Texto: "A Morte e a Donzela" é o filme do próximo domingo Índice |
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