São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Brasileiro pode desistir de viajar

JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O pacote fiscal não chegou a alterar as reservas de final de ano, diz Antônio Aulisio, da Braztoa/Cobrat (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo).
Segundo ele, 90% dos pacotes previstos para o reveillon já foram vendidos.
Aulisio diz, no entanto, que se as medidas não chegaram a prejudicar os resultados de 97 -já considerado menos promissor do que 96, em sua opinião-, podem causar um bom estrago no próximo ano.
Efeito psicológico
A classe média vai pensar duas vezes antes de arrumar as malas, segundo Aulisio.
"O pacote tem especialmente um impacto psicológico, pois viagens não são consideradas prioridade", diz.
"Os brasileiros vão preferir esperar um pouco mais para ver como as coisas vão ficar".
Se quem adquiriu um pacote turístico para o fim de ano não desistiu por causa das novas medidas, aqueles que deixaram para resolver o roteiro na última hora ainda estão pensando se devem mesmo viajar.
Júlio Serson, da ABIH/SP, diz que muitas reservas de hotéis ainda não foram confirmadas pelos hóspedes que viajam fora de um pacote turístico.
As consultas aos hotéis a respeito de vagas para os meses de janeiro e fevereiro também não estão sendo tão frequentes como costumam ser nesta época do ano.
Serson avalia que a retração do turismo doméstico será em torno de 20% a 25% e já poderá ser percebida em 97.
A previsão para a queda do turismo internacional é ainda mais pessimista. Ele disse que não deve ser inferior a 30%.
Para Luiz Carlos Nunes, presidente da ABIH de Santa Catarina, as medidas não podiam ter sido anunciadas em pior hora. "Essa é uma das nossas melhores épocas."
Copa do Mundo
Eduardo Abreu, gerente de vendas e produtos da Dimensão Turismo, em São Paulo, afirma que a agência registrou queda de 18% no volume de vendas na primeira semana após o anúncio do pacote.
"A diminuição ocorreu principalmente em relação às viagens resolvidas de última hora", diz Abreu.
Para ele, a retração do setor na temporada de verão vai depender do que ocorrer daqui para a frente -como uma mudança em relação à nova tarifa.
Cláudio Abraão, diretor administrativo-financeiro da Stella Barros Turismo, afirma que a agência praticamente não sentiu o efeito das medidas anunciadas pelo governo por conta do perfil de sua clientela.
A cada ano, de 30 a 35 mil brasileiros viajam pela Stella Barros para roteiros nos Estados Unidos ou em países da Europa.
Segundo ele, 97 está sendo considerado um bom ano, com crescimento de 17% nas vendas.
Apesar do clima de preocupação no setor em relação a 98, Abraão diz que anos de eleição costumam ser mais favoráveis e que a Copa do Mundo na França (na metade do ano) poderá incrementar os resultados do setor.
(JAg)

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