São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
Texto Anterior | Índice

Outros "vilões" de crises brasileiras

. Multinacionais - Nos anos 70, era comum considerar que as multinacionais contribuíam para o atraso dos países subdesenvolvidos. Por esse raciocínio, as empresas se instalavam nesses países, exploravam mão-de-obra barata e remetiam seus lucros para fora. Hoje, comemora-se cada nova entrada de multinacional no Brasil, porque se entende que são investimentos de longo prazo capazes de gerar empregos e trazer tecnologia ao país
. Oligopólios - Até o Plano Real, era atribuído aos oligopólios -empresas que dominam setores específicos da economia- um papel central no descontrole da inflação. Com a abertura aos importados, intensificada com a sobrevalorização do real em relação ao dólar, a inflação caiu e se mantém em queda, e os oligopólios, embora ainda existam, foram esquecidos
. Ciranda financeira - O termo virou moda no governo Sarney (85-90), quando se tornaram comuns as aplicações financeiras com prazo de apenas 24 horas, sustentadas pelos títulos da dívida federal. Acreditou-se que essa ciranda alimentava a inflação, e tal diagnóstico contribuiu para que o Plano Collor (90) confiscasse a poupança e outras aplicações bancárias. Ainda no governo Itamar (92-94), estudou-se acabar com o fundão, aplicação que permitia ganhos diários
. Dívida externa - Grande fantasma da década de 80, a chamada "década perdida". Acreditava-se que a dívida -contraída para financiar o crescimento brasileiro na década anterior, a do "milagre econômico- era impagável. Por conta desse diagnóstico, os pagamentos da dívida foram suspensos duas vezes no governo Sarney. Nos anos 90, o país renegociou a dívida e recuperou o crédito no exterior
. FMI - O Fundo Monetário Internacional virou uma espécie de sinônimo, no Brasil, de recessão, arrocho salarial e cortes de gastos públicos -e de interferência externa contrária à soberania nacional. O fundo é apenas um organismo internacional que socorre países em dificuldades, impondo, é verdade, condições para isso. Mas um país só recorre ao FMI se quiser. A crise atual ressuscitou esse "vilão", que andava quase esquecido

Texto Anterior: Especulador é o novo vilão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.