São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Mercado aposta na retomada

SERGIO PORTO

Um balanço inicial sobre os efeitos da crise internacional revela um cenário que permite à construção civil uma expectativa favorável em relação ao desempenho do mercado imobiliário para 1998.
Em primeiro lugar, a adoção das medidas fiscais e tributárias pelo governo sinaliza empenho redobrado na redução dos déficits interno e externo. Isso ajudará a fortalecer a estabilidade do real, fator que tem sido decisivo para a expansão do mercado imobiliário.
Mesmo a mais dura dessas medidas -a elevação dos juros- não deverá ter efeitos recessivos de longo prazo sobre os novos empreendimentos. A maioria das construtoras rapidamente se adaptou e está retomando os cronogramas de lançamentos e obras.
Em segundo lugar, o mercado está preparado para operar no cenário de uma recessão breve, com retomada da atividade a partir do segundo trimestre de 1998.
O impulso nessa direção foi dado pela recente aprovação, no Congresso, do SFI (Sistema Financeiro Imobiliário), que possibilitará alavancar investimentos para o setor.
Sempre carente de financiamentos, o setor imobiliário começará a contar com um volume crescente de recursos, o que permitirá aumentar a oferta de imóveis.
Evidentemente, esse cenário será tanto mais favorável quanto mais rapidamente caírem os juros. E a construção civil está otimista quanto à velocidade da queda. Se os juros altos perdurarem por muito tempo, isso prejudicará o maior tomador de empréstimos do mercado: o governo.
Nesse caso, o déficit interno, em vez de diminuir, começará novamente a aumentar, anulando os efeitos benéficos do pacote fiscal.
O terceiro fator que estimula o otimismo da construção civil é a força da demanda. O déficit habitacional, de 5,1 milhões de moradias em 1995, cresceu para 5,4 milhões em 1996 e pode alcançar 5,8 milhões em 1997. Sensível, o governo já estuda propostas como a apresentada pelo Sinduscon-SP, de implementação do SBH (Sistema Brasileiro da Habitação).
Trata-se de um novo modelo habitacional que possibilitará aumentar a produção de imóveis para atender, sobretudo, as camadas de menor poder aquisitivo.
Nesse cenário, a grande interrogante fica por conta do Congresso. É dele que depende a aprovação das medidas emergenciais que fortalecerão o real e das reformas que tornarão a estabilidade menos vulnerável a crises como as que acabamos de atravessar.
Mais uma vez, a expectativa da construção civil é otimista. As lideranças do Congresso sinalizaram que esperam aprovar as reformas em breve. E isso certamente fará bem ao mercado imobiliário e a toda a nação.

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