São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Agora, tudo é "disfuncional"

The Wall Street Journal
de Nova York

DO "THE WALL STREET JOURNAL"

"É um mundo 'disfuncional'. Julgando pelo fantástico número de pessoas, coisas e lugares que foram classificados como 'disfuncionais' nos últimos anos, é surpreendente que alguma coisa ainda consiga ser feita nos EUA hoje", diz o "Wall Street".
Segundo o jornal, hoje nos EUA "'disfuncional' -aquilo que funciona de maneira anômala- tornou-se sinônimo de ruim".
"Antes usado apenas para adjetivar a palavra família, o termo agora é aplicado sem piedade a empresas, equipes esportivas, bichinhos de estimação, países, romances e fundos de pensão", afirma o "Journal".
"Criando Filhos em um Mundo Disfuncional" é o subtítulo de um recente livro de auto-ajuda para pais. "Se o mundo inteiro é 'disfuncional', o que significa a palavra? E comparada a quê?", pergunta o diário.
"'Disfuncional' se aplica a todo mundo, por isso ninguém presta atenção", disse ao "Wall Street" a terapeuta Cheryl Hetherington, autora de "Trabalhando com Grupos de Famílias Disfuncionais".
Segundo o diário, as editoras produziram centenas de livros de conselhos para sobreviventes de famílias "disfuncionais".
Graças ao uso excessivo, a palavra não apenas perdeu o impacto como ganhou um ar simpático.
Há um "Livro de Receitas Para um Natal Disfuncional" e um "Livro de Receitas para Reuniões de Famílias Disfuncionais". O título de um recente livro sobre o presidente Bill Clinton é "Presidente Disfuncional".
É difícil acreditar que uma palavra tão comum só tenha entrado em uso corrente na década de 60. Foi só nessa época que a dinâmica familiar despertou o interesse dos terapeutas que tratavam de pessoas com problemas psicológicos.
No início, a palavra era usada para designar famílias com uma gama variada de problemas. Hoje, o termo tornou-se um instrumento tosco demais para a maioria dos psicólogos.

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