São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997 |
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A ENCRUZILHADA EUROPÉIA A Cúpula Social da União Européia deixou claro que a insatisfação com o desemprego conquistou um lugar de destaque na agenda política. Mas também revelou a fragilidade das propostas nessa área. Desenham-se estratégias para criar vagas, mesmo que em tempo parcial, e para combater o desemprego entre os jovens, junto aos quais ele é mais grave. A grande dificuldade é o aumento da oferta de emprego em um ambiente de fraco desempenho econômico. O crescimento médio do PIB europeu caiu de 4,6% ao ano na década de 60 para 2,9% nos anos 70. Na década seguinte foi de 2,5%. E entre 90 e 96 ficou em apenas 1,5%. Hoje não há mais o temor da inflação. Mas a Europa ruma para nova encruzilhada. A criação da moeda única está em conflito com políticas conjunturais que poderiam estimular a economia. O Tratado de Maastricht limita o déficit público de cada nação a 3% do PIB. A maioria, porém, já ultrapassa o limite. Não há pois espaço para políticas de emprego baseadas em grandes gastos estatais, nem para reduções de impostos que impulsionem o setor privado. A alternativa seria diminuir juros para estimular investimentos e produção. Mas, se o fizerem, os bancos centrais correm o risco de perderem reservas e terem de desvalorizar suas moedas. É claro que o desemprego tem outras causas além do crescimento baixo. O avanço tecnológico vem reduzindo a demanda de mão-de-obra. E a solução de reduzir a jornada de trabalho parece inescapável. Mas o tema se complica na hora de definir quem pagará a conta. Uma redução dos encargos sobre a folha de salários, meta aprovada pela Cúpula, também tende a estimular as contratações. Porém cria o problema de como custear o sistema de proteção social, do qual os europeus não dão sinais de abrir mão. Não é por acaso, portanto, que a Europa tem patinado na luta contra o desemprego. As lideranças parecem convencidas de que os eleitores exigem soluções. Mas, do ponto de vista econômico, ainda não se vislumbra como será possível desatar esse nó. Texto Anterior: A ESQUERDA SEM AÇÃO Próximo Texto: Mulheres, mulheres Índice |
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