São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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rejeição ou apenas ciúme do irmão?

GABRIELA MICHELOTTI

"Eu tenho 14 anos, amo muito a minha mãe, só que ela gosta mais da minha irmã. Ela não diz isso, mas o demonstra, beijando-a, abraçando-a e a elogiando muito mais do que a mim. Minha mãe sempre diz que minha irmã é melhor e mais bonita do que eu. O que posso fazer para ganhar o amor dela?"
(Marilyn Jane, 14)
Nenhum filho é igual ao outro, e, por isso, algumas vezes os pais se identificam mais com um do que com outro. "Se isso acontece de uma forma muito acentuada, o filho que não tem a predileção do pai ou da mãe pode se sentir rejeitado e desenvolver problemas de auto-estima, relacionamento e se achar diminuído perante o mundo", afirma a psicóloga infantil Renata Nunes.
A melhor coisa a ser feita pelo adolescente é procurar a ajuda de alguém de fora da família -uma pessoa mais velha amiga, um orientador do colégio, ou, se possível, um psicólogo, que vai orientá-lo a lidar com a rejeição.
"É importante que a preferência dos pais não prejudique a vida cotidiana do adolescente. Muitos deles deixam de ir a festas, não têm amigos ou namorados, vão mal na escola, porque transferem a situação familiar para todos os seus relacionamentos, e acham que serão rejeitados por todos", diz Renata.
Mas, quando o filho se queixa de que os pais só gostam de um irmão, é necessário primeiro identificar se isso realmente acontece ou se a pessoa está distorcendo a realidade.
A criança pode fantasiar esse quadro de predileção, mesmo sem corresponder ao comportamento real dos pais, por problemas que podem vir desde a infância. Toda criança, quando nasce um irmãozinho mais novo, sente ciúmes, porque não quer dividir a atenção e o carinho dos pais.
É o caso de Maitê, 4, filha de Luciane Lesjak, 35, que sentiu muito ciúmes quando o irmão, Mateus, agora com 7 meses, nasceu (veja texto ao lado). "Se o irmão mais velho não consegue superar esse trauma, ele pode achar que os pais gostam mais do irmão até na adolescência", afirma Renata.

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