São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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USP 'adota' manual de novela

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A família do roteirista e jornalista Ismael Fernandes -morto em abril de 1996- decidiu dar continuidade ao seu trabalho de pesquisa sobre a história da telenovela brasileira.
Joana, sua mulher, e os filhos Inês e Gabriel atualizaram os dados e o Núcleo de Pesquisas de Telenovela da ECA-USP se encarregou de redigir o material inédito, assinando inclusive o prefácio.
O resultado chega agora às bancas: "Memória da Telenovela Brasileira", em sua 4ª edição, com lançamento pela Brasiliense. O livro apresenta 55 novos títulos (em ordem cronológica), incluindo a novela "Por Amor", que está atualmente em exibição na faixa das oito na Rede Globo.
"Esse trabalho é o primeiro indico para qualquer pesquisa na área. O Brasil é o único país da América Latina a fazer esse levantamento", afirma a coordenadora do Núcleo de Pesquisas de Telenovela da ECA-USP.
A 3ª edição, com quase 500 títulos, foi lançada em junho de 1994 e trazia como última produção a minissérie "Memorial de Maria Moura", que estreou em maio daquele ano. O material inédito começa com a novela "Pátria Minha", exibida de julho de 1994 a março de 95, e se estende até os dias de hoje.
Na seção de biografias dos autores, entram nomes como Miguel Falabella, Maria Carmem Barbosa, Alcides Nogueira, Ana Maria Moretzsohn e Yoya Wursch. Outra novidade é um encarte com 16 páginas com fotografias de cenas de novelas.
Há registros de cenas com Paulo Gracindo em "O Bem-Amado", Adriana Esteves e Antônio Fagundes em "Renascer", Claúdio Marzo em "Pantanal" e Taís Araújo em "Xica da Silva", entre outros atores.
"Memória" é um tipo de manual da telenovela com ficha técnica e sinopse das produções brasileiras, começando por "2-5499 Ocupado", a primeira telenovela diária, estrelada por Tarcísio Meira e Glória Menezes e lançada em 1963 no Canal 9 (São Paulo) e Canal 2 (Rio de Janeiro).
A primeira edição saiu em 1982. "Foi um trabalho árduo. Ismael sempre reclamava que o Brasil é um país sem memória. Ele teve de colecionar boletins das emissoras e frequentar arquivos de jornais e revistas", lembra a professora Joana Fernandes, 47.
Ela conta que, quando Ismael morreu, seus trabalhos de pesquisa para a elaboração da 4ª edição estavam adiantados. "Como ele era louco por novela, a família acabou desenvolvendo o hábito de acompanhar o gênero também. Nós só tivemos que continuar coletando material."
Quanto aos comentários sobre cada produção, a família pediu auxílio ao Núcleo de Pesquisas de Telenovela ECA-USP. "Colocamos nossos bolsistas para redigir os resumos das histórias. A nova edição do livro é apenas mais atualizada, a obra de Ismael continua intacta", diz a coordenadora do núcleo.

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