São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997 |
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O pecado mora ao lado
MARCELO MANSFIELD
A difícil escalação do par central é um trabalho às vezes hercúleo. Afinal, quem é que vai beijar quem? Será que a dupla tem química? Uma coisa é certa: sempre a beijação principal cabe a duas grandes estrelas, consagradas e imitadas. O que os fazedores de elenco esquecem é que, historicamente, o romance mais querido pelo público é o da "porta ao lado". Se voltarmos no tempo, vamos lembrar que quem chamou a atenção do mundo saracoteando em cima de alguns pianos no Rio nos anos 30 não foi Dolores Del Rio, nem Raul Roulien, mas Fred Astaire e Ginger Rogers, cujas carreiras subiram aos céus da velha Guanabara depois de dançarem oito compassos de "The Carioca", em "Voando para o Rio". Hoje, em plena novela das oito, o público não está muito preocupado com o romance dos dois pares principais, mas com a dupla formada por Eduardo Moscovis e Carolina Ferraz, que também voam para o mesmo Rio, só que de helicóptero, e cujas cenas românticas fazem metade das mulheres suspirar por ele, e metade dos homens sonhar em ser ele e namorar a bela atriz. Uma troca de olhares entre os dois tem o efeito do "El Niño". Não sei como aquele helicóptero ainda não caiu. Química melhor impossível. E quando será que Maria Zilda vai agarrar Ricardo Machi e deixar a mulherada soltar a respiração? Não é de hoje que o pecado mora ao lado dos protagonistas. Na primeira versão de "Anjo Mau", as maldades de Nice eram aliviadas pelo romance entre Mário Gomes e Renne de Vielmond. E quer coisa mais tórrida do que Beatriz Segall bancando as safadezas de Carlos Alberto Ricceli em "Vale Tudo"? E põe tórrido nisso: Luciene Adami e Tarcísio Filho viveram um amor incestuoso em "Pantanal" até o último capítulo -quando se descobriu que eles não eram irmãos. E viveram felizes para sempre. Sempre na porta ao lado. Texto Anterior: Cultura faz especiais musicais Índice |
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