São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 1997
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Egito critica Reino Unido e terroristas

Mubarak fala em 'proteção'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, acusou ontem o Reino Unido e outros países de proteger terroristas islâmicos, dando-lhes abrigo e permitindo reunir fundos para novos atentados no Egito.
Mubarak afirmou que os líderes dos grupos extremistas islâmicos Gama'a al Islamia (Grupo Islâmico) e Jihad, que atuam no Egito, estão escondidos no exterior.
Além do Reino Unido, ele acusou a Suíça, a Dinamarca, o Sudão e o Afeganistão de fornecer proteção a essas pessoas.
"Esses países, que respeitam os direitos humanos, acolhem os líderes terroristas, que foram julgados e condenados no Egito. Mais tarde, esses terroristas continuam violando os direitos humanos e matando cidadãos dos países que os protegeram", disse o presidente egípcio.
Num atentado ocorrido na semana passada em Luxor, morreram 58 turistas estrangeiros. A maior parte dos mortos, 35 pessoas, era de origem suíça. Também morreram 10 egípcios, entre eles os seis autores do atentado.
As declarações de Mubarak foram feitas durante a inauguração do Museu Núbia em Assuã (sul do país).
Mubarak insistiu que os países que acolhem terroristas deveriam extraditá-los para o Egito, para evitar novos atentados.
Segundo Mubarak, se outros países cooperassem no combate aos terroristas islâmicos, o atentado de Luxor não teria ocorrido.
O ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas, o egípcio Butros Butros Ghali, também fez críticas indiretas aos países que consideram terroristas "refugiados políticos", durante entrevista a uma rádio de Lausanne, na Suíça.
Para Butros Ghali, o contraterrorismo vem sendo praticado em escala nacional, enquanto o terrorismo tem dimensões internacionais.
Resposta britânica
O Reino Unido rechaçou as acusações. "Não protegemos terroristas", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
"Condenamos todas as formas de terrorismo e estamos determinados a atacar quem pretenda usar o Reino Unido para planejar atividades terroristas", disse.
Segundo o porta-voz, a legislação britânica é uma das mais duras do mundo e o atual governo pretende reforçá-la.
O presidente egípcio também afirmou ser contrário a qualquer diálogo com os grupos extremistas islâmicos. "Seria um diálogo de cegos e surdos", disse.
"Dialogamos com eles por 20 anos e cada vez que começamos um diálogo, eles se fortalecem", disse Mubarak.
Em comunicado enviado quinta-feira a uma agência de notícias estrangeira no Cairo, capital do Egito, o grupo Gama'a al Islamia se declarava disposto a "cessar suas operações por determinado período", se o governo do presidente Mubarak acabasse com a repressão contra seus militantes e liberasse os prisioneiros.

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