São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 1997
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O COMBATE À ESPECULAÇÃO

Com a turbulência internacional nas Bolsas e a derrocada de várias moedas no Sudeste Asiático, ressurge a discussão sobre como lidar com a especulação financeira. Ou seja, como reduzir a sujeição das economias aos caprichos dos capitais voláteis sem ferir a liberdade dos investimentos diretos ou produtivos.
Há dois meses, o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, já se manifestava contra a proposta do FMI de acelerar a liberalização dos fluxos internacionais de capital. As declarações chegaram a causar algum mal-estar à época, mas a polêmica com o FMI não foi muito longe. E por uma razão simples: o próprio organismo reconheceu, pragmaticamente, que o ritmo de liberalização depende das condições de cada país.
James Tobin, Nobel de Economia, sugeriu um tributo sobre movimentações financeiras internacionais para reduzir, encarecendo-os, os fluxos de curto prazo e também para custear o combate à miséria.
Outra idéia veio de ninguém menos que Joseph Stiglitz, economista-chefe do Banco Mundial. Ele se declarou a favor, em algumas circunstâncias, do desenvolvimento de instrumentos de política econômica para permitir maior controle sobre os surtos de capital de curto prazo.
No caso do Brasil, muitos consideram que, na fase inicial do Plano Real, foi um grave erro permitir que a entrada de recursos externos levasse à valorização ante o dólar.
Desde 95, sob impacto da crise mexicana, o presidente Fernando Henrique tem defendido em encontros internacionais que é preciso pesquisar medidas que ajudem a reduzir a volatilidade dos capitais financeiros.
É claro que esse tipo de preocupação surge mais fortemente em nações com moeda fragilizada. Mas a recente turbulência internacional coloca o assunto também nos meios econômicos e políticos dos países mais desenvolvidos. O tema tende a prosperar, pois a especulação parece continuar propiciando emoções típicas de montanha-russa.

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