São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Laudos confirmam agressões em 4 garotos que nadaram na USP

Meninos afirmam que apanharam com galhos de árvore

RENATO KRAUSZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os laudos do IML (Instituto Médico Legal) confirmaram a existência de lesões corporais em quatro garotos que afirmam ter sido agredidos por seguranças da Universidade de São Paulo (USP).
A agressão teria ocorrido no dia 2 de novembro. Dez garotos estavam nadando na raia olímpica quando foram surpreendidos por guardas universitários.
Três deles teriam fugido, seis teriam apanhado e o estudante Daniel Pereira Araújo, 15, desapareceu quando era perseguido por um guarda.
Daniel foi encontrado morto três dias depois. Seu corpo estava boiando na raia. O laudo de sua morte deve ficar pronto amanhã (leia texto ao lado).
Os laudos da agressões, divulgados ontem pela polícia, atestam que os garotos W.P.S., 15, R.A.P., 14, R.F.S., 11, e E.R.S., 9, sofreram "lesões corporais de natureza leve, provocadas por agente contundente". Os outros dois garotos que teriam apanhado não passaram por exame no IML.
Um agente contundente pode ser um pedaço de pau, uma pedra ou outro instrumento semelhante. Os garotos afirmam que foram agredidos com galhos de árvore.
O ferimento mais grave foi no garoto R.A.S. O laudo atesta que ele sofreu escoriações lineares de 2 cm e 5 cm de extensão localizadas, respectivamente, na região do ombro direito e da coxa esquerda. O laudo diz ainda que o garoto apresenta um hematoma recente no ombro direito.
No último dia 19, os garotos apontaram o guarda que teria praticado as agressões durante uma sessão de reconhecimento no 93º DP (Jaguaré). O nome dele não foi divulgado pela polícia. O guarda que teria perseguido Daniel não foi reconhecido.
Apesar da comprovação dos laudos e do reconhecimento do suposto agressor, o delegado Francisco Basile, titular do 93º DP, ainda não decidiu indiciar o guarda universitário.
"Vou ouvir novamente o guarda e os próprios garotos", afirmou o delegado. Segundo ele, uma acareação é descartada pelo fato de as vítimas serem menores de idade.
A USP ainda não se manifestou sobre o resultado dos laudos do IML.

Texto Anterior: A segurança pública e o dono do supermercado
Próximo Texto: Exame de Daniel sai amanhã
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.