São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Plano cria zona franca às avessas

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo brasileiro planeja implantar no Amapá uma zona franca às avessas: produtos fabricados no Estado seriam embarcados semiprontos para a Guiana Francesa, onde seriam finalizados e vendidos com selo "Made in France" para a União Européia.
As mercadorias entrariam no mercado europeu em melhores condições de competitividade, pois não incidiriam sobre elas as tarifas usuais de importação. Um dos possíveis segmentos beneficiados seria a indústria de móveis.
Esquema semelhante funciona atualmente com produtos eletrônicos distribuídos a partir da Zona Franca de Manaus.
As peças importadas são montadas em fábricas no Amazonas e vendidas para os outros Estados do Brasil com vantagens tarifárias em relação aos importados e aos produtos 100% nacionais.
Para funcionar, o plano do governo brasileiro para o Amapá depende, obviamente, da boa vontade do governo francês.
O encontro dos presidente Fernando Henrique Cardoso e Jacques Chirac, ontem, é mais um sinal de que a França apóia a idéia.
O primeiro marco foi a mudança radical da política francesa para a região. Até há poucos anos, o governo de Paris não tinha interesse em completar uma ligação rodoviária entre Macapá e Caiena.
O motivo era o temor de uma expansão brasileira, cuja linha de frente são os imigrantes ilegais.
Desde o ano passado, entretanto, essa política mudou. A despeito dos cerca de 30 mil brasileiros que vivem em Caiena, a França não só começou a pavimentar o trecho que faltava do lado guianense como está disposta a ajudar a financiar a estrada do lado brasileiro.
A reforma da BR-156, hoje intransitável, vem sendo negociada pelos governos desde julho.
Outros 217 quilômetros, entre Tracajatuba e Calçoene, ainda permanecerão em terra. O custo total da obra seria de R$ 130 milhões.
A previsão é que a obra esteja pronta em 2000.

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