São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Regra é fazer obra e dívida

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os especialistas em finanças públicas e os cientistas políticos disseram que há uma regra não escrita, mas que é seguida à risca pela maioria dos prefeitos (e governantes em geral).
Para fazer seu sucessor, os prefeitos, sobretudo perto do final do mandato, fazem obras grandiosas que "dão voto", financiadas por dívidas que serão pagas no futuro.
Para o cientista político Bolivar Lamounier, grande parte da sociedade não olha para a questão do endividamento público, mas apenas para as obras que o prefeito fez. Por isso, os prefeitos contraem dívidas enormes sem maiores questionamentos da população.
"O Paulo Maluf (ex-prefeito de São Paulo) fez empréstimos, acelerou obras com grande impacto de marketing, como o Cingapura e o PAS, para eleger Celso Pitta", disse o cientista político Rubens Figueiredo.
Para o professor Roy Martelanc, da FEA-USP, mesmo quando um prefeito não tem esperanças de fazer seu sucessor, ele pode adotar uma variante da tática do endividamento eleitoreiro.
"Para inviabilizar financeiramente a gestão futura de um opositor, alguns prefeitos contraem muitas dívidas ou dão um grande aumento salarial para o funcionalismo pouco antes do final de seu mandato", afirmou Martelanc. "Fazem isso esperando que o adversário faça um governo ruim e que, num próximo pleito, a população volte a elegê-lo para a prefeitura", afirmou Martelanc.
(MP)

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