São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Para físico, risco de problema de fornecimento é 5%

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras), Firmino Sampaio, 51, disse não haver riscos de racionamento de energia no país, apesar da necessidade da administração cuidadosa de "recursos escassos".
Para ele, os riscos de blecautes estão associados a "fenômenos naturais imprevisíveis", como os ventos que há três semanas derrubaram torres de distribuição de energia da usina de Itaipu.
"Mas, mesmo com a queda das torres, conseguimos passar com o menor trauma possível", disse Sampaio. "Fizemos a racionalização do uso de energia, com cortes programados, para prevenir desligamentos automáticos."
Segundo ele, a retomada pelo atual governo do cronograma de obras de 22 usinas que estavam paradas vai ajudar "a superar as dificuldades" de um sistema que ainda trabalha com reservas apertadas de fornecimento de energia.
Hoje, no sistema interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste, trabalha-se com uma disponibilidade de pelo menos 42 mil megawatts de energia, para um consumo que, nos dias mais quentes, chega a 39 mil megawatts. "Ainda sobram 3.000 megawatts, que representam uma grande usina parada", afirma o presidente da Eletrobrás.
O físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe (Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), disse que, se não houver a adequada retomada dos investimentos, principalmente a região Sudeste entrará em um "período negro" dentro de dois a três anos.
Para ele, diante da pouca reserva, existe hoje um risco de 5% de ocorrerem problemas graves no fornecimento, como blecautes. Sem investimentos, segundo ele, esse risco subiria em poucos anos para 10%.
Sampaio disse respeitar as opiniões de Pinguelli. Mas, como "homem de governo", afirmou confiar na realização dos investimentos necessários para evitar o aumento desse risco.
Sampaio disse que os riscos de racionamento foram afastados com as fortes chuvas que caíram no início de 97 -que encheram os reservatórios das usinas hidrelétricas "e que devem se repetir em 98"-, o sucesso da campanha educativa para a redução de energia e a implantação do horário de verão.
Embora o plano decenal (1997/2006) da Eletrobrás para a expansão dos sistemas elétricos fale na necessidade de investimentos anuais da ordem de R$ 7,7 bilhões, Sampaio afirmou que em 97 eles ficaram na casa dos R$ 6 bilhões.
A Eletrobrás e a União entraram com 2,8 bilhões -com a iniciativa privada bancando o resto. Das 22 obras em usinas que estavam paralisadas, Sampaio disse que 15 foram retomadas, sendo que duas já entraram em operação.
Quatro outras deverão recomeçar no início de 98 e duas esperam a assinatura dos contratos para a retomada das obras. A última está em processo licitatório. As 22 usinas somarão uma potência de 10,1 mil megawatts de energia.

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