São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Travesso teria sido pivô da saída de Boni

CRISTINA PADIGLIONE
COLUNISTA DA FOLHA

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, só não deixou a Rede Globo anteontem porque a direção da empresa se recusou a abrir mão da multa pela eventual rescisão de seu contrato, válido até o ano 2001.
A Folha apurou que a solução encontrada pela direção da emissora foi antecipar para já o fim da transição de suas funções, de caráter executivo, para fins de consultoria.
Iniciado há dois anos, o processo de mudança estava planejado para acontecer paulatinamente até a virada do século. A mais recente divergência entre Boni, até então vice-presidente de coordenação estratégica, e Marluce Dias da Silva, atual superintendente-executiva, acelerou a reforma.
Marluce teria contestado a contratação de Nilton Travesso (ex-SBT) como diretor de um dos núcleos artísticos da emissora, argumentando que Boni, responsável pela aquisição, não estaria autorizado a realizar tal operação.
"Eu realmente não sei o que houve. Pelo que sei, foi o Boni quem pediu para atuar apenas como consultor", diz Travesso.
Travesso foi contratado para um núcleo que dispunha de verba, mas não vinha produzindo. A vaga equivale ao espaço teoricamente ocupado por Luís Fernando Carvalho, que pediu licença não-remunerada à emissora para se dedicar ao cinema.
Os diretores de núcleos responsáveis por novelas e linha de shows continuam se reportando a Mário Lúcio Vaz, diretor da Central Globo de Criação, no que diz respeito a questões artísticas.
A dúvida é: a quem caberá a palavra final em casos de escalação de elenco e escolha de sinopses. Até anteontem, Vaz subordinava tudo isso a Boni. Agora, o vice-presidente de coordenação estratégica apenas opina, mas não decide.
No início de outubro, durante o lançamento da novela "Por Amor", Boni deixou claro que já não lhe cabia mais a decisão final sobre qualquer produto da casa.
"A minha opinião conta, mas não é definitiva", disse na época. Recentemente, no entanto, o vice-presidente executivo da emissora, Roberto Irineu Marinho, atribuiu a ele a responsabilidade maior sobre as cenas apelativas exibidas no programa "Domingão do Faustão", como o quadro do "sushi erótico".

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