São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Castro tem alta sem lembrar-se de explosão em Fokker da TAM

Suspeito terá sequelas permanentes devido a atropelamento

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor Leonardo Teodoro de Castro, principal suspeito de causar a explosão no Fokker-100 da TAM no dia 9 de julho, terá sequelas permanentes causadas pelo atropelamento de que foi vítima, três dias após o acidente aéreo.
Castro era um dos 55 passageiros do vôo 283, que fez um pouso de emergência em São Paulo depois que uma explosão abriu um buraco na fuselagem e causou a morte de um passageiro, que foi ejetado da aeronave.
Três dias depois, o professor foi atropelado por um ônibus na avenida Santo Amaro, em São Paulo. No dia anterior, sua casa havia sido revistada por policiais federais.
O anúncio das sequelas foi feito ontem pelo médico José Osmar Medina Pestana, diretor clínico do hospital São Paulo, onde Castro esteve internado desde o atropelamento. Ele teve alta e deve sair na quinta-feira. A Folha havia antecipado, na semana passada, que o professor tinha uma lesão permanente no cérebro.
O médico afirmou que não pode prever a evolução do estado mental do professor, mas disse ser difícil que Castro volte a dar aulas de matemática, como fazia antes do acidente. "Ele vai ficar com um déficit (mental) permanente."
O advogado de Castro, Tales Castelo Branco, disse que o professor será apresentado à imprensa amanhã, em uma entrevista.
Memória
Segundo o médico, Castro não se lembra do acidente aéreo que presenciou, nem que foi considerado um dos suspeitos da explosão.
Pestana disse que a equipe médica nunca tratou do assunto com o professor. "Mas mesmo que a família tenha falado sobre isso, ele não tem condições de entender o que as pessoas lhe dizem."
O médico disse que o professor só se lembra de fatos de um passado distante, como a casa em que passou a infância, mas não se lembra que dava aulas.
O procurador da República Pedro Barbosa, que acompanha o caso, disse ontem que já pediu à 3ª Vara Criminal da Justiça Federal um exame de saúde mental do professor. "Queremos verificar qual seu estado mental atual e também se ele tinha alguma debilidade mental na época da explosão", disse Barbosa.
A investigação da explosão ainda está na fase de inquérito policial. Se a procuradoria achar, com base no inquérito, que Castro pode ser culpado, vai oferecer denúncia contra ele. Caso o juiz aceite, instaura um processo.
É na fase processual que a capacidade mental do réu interfere. Segundo a legislação brasileira, se o réu tiver uma doença mental depois da ocorrência do suposto crime, o processo fica suspenso até que ele se reabilite.

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