São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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México toma empréstimo de US$ 2,5 bi

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

O governo do México acaba de obter uma linha de crédito de US$ 2,5 bilhões concedida por um grupo de bancos internacionais. Esta é a primeira operação de crédito firmada entre bancos privados e um país latino-americano desde o início da crise dos mercados financeiros internacionais.
Segundo o Ministério da Fazenda, que fez a negociação com 31 bancos de dez países, essa linha de crédito poderá ajudar o país "em situações de grande volatilidade dos mercados internacionais".
Funcionando como uma espécie de "fundo de emergência", o dinheiro poderá ser sacado pelo México para pagamento de amortizações da dívida externa sempre que houver necessidade. O governo mexicano poderia, por exemplo, usar os recursos se houver uma redução da entrada de recursos externos no país ou de aumento das taxas de juros internacionais.
A operação tem um ano de prazo, renovável por mais um ano.
À primeira vista, não haveria necessidade de o governo mexicano negociar um empréstimo estrangeiro. Suas contas externas estão razoavelmente equilibradas -a balança comercial, por exemplo, deverá fechar com um superávit de US$ 1,8 bilhão neste ano. O país está crescendo 7% e a inflação vai ficar em torno de 18% em 1997.
Além disso, o sistema flexível de câmbio e de juros, adotado pelo México durante a crise de 1994/1995, foi considerado acertado pelo mercado. Tanto que a onda especulativa que varreu as Bolsas de Valores em quase todo o mundo foi muito mais branda no México do que no Brasil e em outros países latino-americanos.
Para alguns economistas, a decisão do ministro da Fazenda, Guilhermo Ortiz, de obter essa linha de crédito poderia ser explicada por duas razões: como uma salvaguarda contra possíveis efeitos negativos se a crise financeira se aprofundar no Brasil e na Argentina e para facilitar as atuais negociações no Congresso sobre o orçamento federal para 1998.
Risco de retração
"Os investidores internacionais vêem o México como parte da América Latina e não como um membro do Nafta (o bloco comercial que reúne México, EUA e Canadá)", explica Mariano Ruiz-Funes Macedo, diretor da consultoria Grupo de Economistas y Associados.
Assim, se algum país latino-americano, especialmente da importância econômica do Brasil, for afetado mais severamente pelos recentes movimentos especulativos, seria difícil que não houvesse também uma retração dos investimentos estrangeiros no México.
Outro economista, de um banco americano, usou a expressão "rede de segurança" para explicar as razões para o governo mexicano negociar esse crédito.

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