São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Entenda a crise bancária do Japão e os efeitos na economia mundial

Raio X do Japão
Capital: Tóquio
População: 124,9 milhões
Desemprego: 3,4% da força de trabalho
PIB: 1,4% (previsão para 1997)
Inflação:1,5% (previsão para 1997)
Superávit comercial: US$ 91, 1 bilhões
Reservas: US$ 224,4 bilhões

1 - Nos anos 80, os bancos japoneses ascenderam à posição de maiores do mundo, desbancando os norte-americanos, que tradicionalmente encabeçavam o ranking
2 - Grande parte dos recursos captados por esses bancos foi aplicada no mercado imobiliário dos Estados Unidos. Foi uma decisão que, mais tarde, se provou errada e que está na origem dos problemas enfrentados hoje.
3 - O mercado imobiliário norte-americano, cujos retornos cresciam em progressão geométrica, entrou em crise e, no final da década passada, levou muitas instituições financeiras à falência, impondo pesadas perdas aos japoneses
4 - Em decorrência desse revés -o estouro da bolha especulativa do mercado imobiliário- houve a primeira crise bancária da Ásia, no início dos anos 90
5 - Num primeiro momento, a crise, embora preocupasse o mundo financeiro, esteve restrita às fronteiras do Japão
6 - A crise bancária empurrou a economia do Japão, que ensaiava consolidar um crescimento que chegou a ser referido como milagre japonês, a um ciclo recessivo e deflacionário
7 - O país vive atualmente período de estagnação. A previsão para o próximo ano é expansão de no máximo 0,5% do Produto Interno Bruto
8 - Para tentar reverter essa situação, o governo anunciou pacote com 120 medidas de estímulo fiscal e prometeu reduzir impostos em 1998.
9- Detalhes das medidas, que indicarão até que ponto o governo está disposto a colocar dinheiro público a serviço do combate à crise, só deverão ser anunciados no início de dezembro
10 - A crise bancária atingiu o auge na segunda-geira, quando a quarta maior instituição financeira do país, a Yamaichi Securities, oficializou sua falência. No mês que precedeu essa liquidação outros duas importantes instituições também haviam sucumbido: a Sanyo Securities, em 3 de novembro, e o banco Hokkaido Takushoku, no último dia 10
11 - Por enquanto, a crise do Japão ajudou a puxar para baixo as Bolsas de Valores, que refletem a incerteza em que vive uma das economias mais importantes do mundo.
12 - O que mais preocupa, no entanto, é a possibilidade de a crise se alastrar para outros países industrializados, porque nesse caso o efeito global seria irreversível
13 - O grande temor é o de que, com forte necessidade de reforçar o caixa, os bancos japoneses comecem a vender títulos do Tesouro norte-americano. Calcula-se que eles tenham cerca de US$ investidos nesses bônus, o que é equivalente a 20% dos papéis do governo norte-americano
14 - A desvalorização dos títulos norte-americanos, que resultaria da eventual venda maciça, poderia forçar uma alta dos juros, para torná-los de novo atraentes aos investidores.
15 - Considera-se que uma alta dos juros nos EUA, que por enquanto está descartada, levaria ao pior cenário da crise financeira

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