São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997 |
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Banco demite 150 para se ajustar à crise
VANESSA ADACHI
O episódio está sendo interpretado no mercado financeiro como o primeiro caso em que um banco brasileiro é levado a fazer cortes para cobrir prejuízos sofridos durante a crise financeira de outubro. A assessoria de imprensa do banco negou os boatos de que o corte de pessoal seja consequência de pesadas perdas registradas pelo banco nos mercados futuros durante o crash. A demissão de 15% dos funcionários, segundo a assessoria, teve relação com a crise, mas foi um ajuste do banco ao cenário de menor crescimento da economia brasileira em 98. O banco informou que metade das demissões ocorreu entre estagiários e prestadores de serviço. A outra metade atingiu funcionários efetivos de diversas áreas e níveis hierárquicos. Segundo a assessoria, as demissões teriam chegado ao fim e que são a única medida de ajuste a ser adotada pelo banco. Os planos do banco de origem francesa para o Brasil foram mantidos. Segundo a Folha apurou, no entanto, o corte, que teve início na última sexta-feira, pode chegar a 30% dos funcionários. A previsão é de que as demissões aconteçam até a próxima sexta. As demissões começaram nas filiais do Rio e de Belo Horizonte. Em seguida, vieram a área administrativa, a área de seguros, o segmento corporate (que atende a empresas), a mesa de pessoas jurídicas e a área que atende a grandes clientes pessoas físicas. Entre os setores que ainda não foram atingidos estão os de fundos de investimento, de previdência privada e a mesa de moedas. Segundo a Folha apurou, o CCF Brasil teria recebido uma remessa de recursos da matriz francesa ao redor de US$ 400 milhões. O valor seria mais do que suficiente para cobrir as perdas registradas pelo banco, que estariam em torno de US$ 120 milhões. O restante teria como destino proporcionar um ganho financeiro ao banco em função da elevação das taxas de juro internas. Expectativas A demissão maciça promovida pelo CCF representou uma radical mudança de orientação. Desde o início do ano até a véspera da crise, o banco de origem francesa vinha apostando no crescimento de suas operações no país. O volume de contratações era vertiginoso desde o início de 97. Em meados de outubro, o banco transferiu sua área administrativa para o Centro Empresarial do Aço, no bairro paulista do Jabaquara. O objetivo era abrir espaço para o crescimento da parte comercial do banco na sede, situada na avenida Nova Faria Lima, região nobre de São Paulo. O CCF é dono de um confortável edifício comercial na avenida, que abriga outros três bancos de investimento: ING, Fibra e Garantia. Este último foi o único banco a admitir publicamente, até o momento, a necessidade de um aporte de recursos -R$ 50 milhões- para cobrir prejuízos com a crise. Na semana passada, o HSBC Bamerindus anunciou a demissão de 700 dos seus 25 mil funcionários, dentro da política de redução de custos do novo controlador. Texto Anterior: Encol pede concordata preventiva Próximo Texto: País perde US$ 494 mi em um dia Índice |
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