São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Concurso revela sites de Web arte

MARIA ERCILIA
DO UNIVERSO ONLINE

O retumbante curto-circuito do "homem elétrico" Barry Schwartz acabou ofuscando o resto da mostra da Arte Suporte Computador. Na quinta-feira passada, o público que esperava pacientemente na Casa das Rosas para assistir às fracassadas "imagens do outro mundo" do eletricista maluco perdeu o melhor da festa: as ótimas palestras de Chris Locke e Rachel Greene, jurados do concurso de Web arte que fazia parte da mostra.
Rachel Greene é diretora da revista de arte digital Rhizome (www.rhizome.com). Rhizome não é exatamente uma revista -funciona mais como uma central de informação sobre arte digital. Apesar de norte-americana, Rhizome divulga e comenta trabalhos do mundo inteiro e tem conseguido manter em contato artistas em diversos países. É uma exceção: normalmente as publicações americanas ignoram o resto do mundo, dando a impressão de que a Web só fala inglês.
Chris Locke é professor universitário. Mantém um curso sobre jornalismo eletrônico no University College de Londres, patrocinado pela Xerox. Fez uma bela exposição sobre a relação entre arte e comércio na Internet. Os textos das palestras serão colocados ainda esta semana no site da Casa das Rosas (www.dialdata.
com.br/casadasrosas).
Os endereços dos candidatos da pré-seleção (www.dialdata.
com.br/casadasrosas/
net-art/webc2.html) do concurso também podem ser vistos no site. O nível geral dos trabalhos inscritos foi mediano. Tanto que acabaram premiados dois sites já bastante reconhecidos: o holandês Jodi em primeiro lugar (www.jodi.
org/100/hqx) e o russo War, em terceiro (www.design.ru/
olialia/war). Ficou com o segundo lugar o brasileiro LandsBeyond (www.distopia.
com/LandsBeyond).
Jodi e War são de duas "escolas" bem diferentes. Jodi praticamente inaugurou um estilo de design irônico e auto-referente que já está virando lugar-comum na Web. A dupla de designers holandeses trabalha com caracteres e imagens do próprio computador, simula os efeitos de vírus e brinca com a memória emocional dos usuários, usando como tema games antigos, mensagens de erro etc.
War é um trabalho narrativo que explora os silêncios e mal-entendidos do reencontro de dois namorados com delicadeza e economia.
LandsBeyond, o único site brasileiro premiado e o único desconhecido, tem alguma inspiração visual em Jodi. Como o site holandês, subverte elementos utilitários do computador de forma decorativa. Mas o resultado é bem diferente, costurando trechos soltos de poesia e contos, com referências que vão de William Carlos Williams a Borges.
Participei da seleção dos sites do concurso. Entre os trabalhos que não foram premiados, Anna Karenin (assim mesmo, sem "a") é um dos mais interessantes. Também de Olia Lialina, é uma paródia de índices como o Yahoo, usando as "buscas" de Anna Karenina como tema.
Rove, que acabou caindo da pré-seleção, também se destacava. Um trabalho simples e bonito, em Java, que fazia surgir imagens e ruídos a cada toque do mouse.
Foi ótimo ver três sites não-americanos -e muito bons- premiados. O concurso da Casa das Rosas deu um bom pontapé inicial na Web arte brasileira.
Mais um
Quem perdeu o concurso da Casa das Rosas já pode ir juntando suas webcoisinhas para o próximo: a Bienal de Design Gráfico, em março do ano que vem, vai premiar um site, que será incluído no seu catálogo. A Associação de Design Gráfico aceita inscrições para o concurso até o dia 29, às 16h (para mais informações escreva para adg.br@uol.com.br).

E-mail: netvox@uol.com.br

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