São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Cai captação pela Lei do Audiovisual

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Desde a entrada em vigor da Lei do Audiovisual, em 94, as produções cinematográficas só captaram R$ 60 milhões dos quase R$ 350 milhões que poderiam ter captado.
Os dados são da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), responsável pela emissão dos "certificados de investimento" -que são "vendidos" ao mercado para arrecadar recursos para os filmes.
"Temos muitos projetos em estoque, filmes que não são realizados por falta de dinheiro", diz Geraldo Vieira, responsável pela análise dos projetos encaminhados para a CVM.
A perspectiva é de que a falta de compradores para os certificados seja ainda maior em 98 devido às medidas de ajuste fiscal.
Apesar disso, novos projetos continuam sendo encaminhados para a instituição -60 deles estão sendo analisados agora.
Na avaliação do mercado cinematográfico, as restrições do pacote de ajuste fiscal tornarão ainda mais difícil captar recursos.
"Todo mundo ficou cabreiro com o pacote. Quem ainda estava em negociação para conseguir dinheiro está frito", disse o cineasta Zelito Vianna, que na semana passada teve as filmagens de "Villa-Lobos, Uma Vida de Paixão" suspensas, devido ao atraso na liberação de R$ 800 mil prometidos pela Telebrás.
Vianna disse não saber se o pacote de ajuste fiscal foi o causador do atraso, mas, como seu contrato ainda não foi assinado, está temeroso.
"Já estava tudo aprovado apesar de o contrato ainda não estar assinado. Acho que vai dar tudo certo", disse.
Mais precavidos, os produtores da L.C Barreto -empresa que fez "O Que É Isso, Companheiro?"-decidiram cancelar o projeto do filme "Meu Tio Ataualpa" e reinvestir as cotas já vendidas em dois outros filmes.
Segundo Regina Valladão, gerente de produto audiovisual da Oliveira Trust, empresa que cuida da captação de recursos para a L.C Barreto, a produtora só começa as filmagens com todo o orçamento já captado.
"Só reservo cota com contrato assinado, por isso a queda das Bolsas e o pacote não afetaram a captação. Em 98, não vai mais haver espaço para quem faz a captação de forma amadora", disse Regina.
"Meu Tio Ataualpa" já tinha arrecadado R$ 800 mil dos R$ 3 milhões previstos em seu orçamento, mas o projeto foi suspenso porque o roteiro não havia sido considerado adequado.

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