São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 1997
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Polícia vai apurar se guarda socorreu ou não o garoto

Inquérito policial vai continuar, mesmo depois de laudo

DA REPORTAGEM LOCAL

As investigações sobre a morte do estudante Daniel Pereira Araújo vão continuar apesar da causa ter sido afogamento.
"A dúvida que persiste é se houve omissão de socorro por parte do guarda universitário", afirmou o delegado Francisco Basile.
Segundo ele, o depoimento de eventuais testemunhas é fundamental para saber como realmente foi o afogamento.
O delegado investiga também as agressões que os amigos de Daniel afirmam ter sofrido por parte de outro guarda da USP.
No dia em que desapareceu, Daniel nadava na raia com nove amigos. O grupo foi surpreendido por dois guardas universitários. Três garotos teriam fugido, seis teriam apanhado de um dos guardas e Daniel desapareceu quando era perseguido pelo outro.
Quatro garotos fizeram exames no IML e os laudos atestaram que eles sofreram "lesões corporais de natureza leve, causadas por agente contundente".
No último dia 19, os garotos apontaram o suposto agressor durante uma sessão de reconhecimento no 93º DP. O nome dele não foi divulgado pela polícia e ele ainda não foi indiciado.
O guarda que perseguiu Daniel não foi reconhecido pelos garotos. O delegado Basile pretende ouvir novamente, na semana que vem, o suposto agressor que foi reconhecido -no primeiro depoimento, realizado antes da sessão de reconhecimento, ele negou qualquer agressão.
USP
O assessor da prefeitura da Cidade Universitária, Ruy de Campos da Silva, disse ontem que o resultado do laudo da morte de Daniel é o que a USP já esperava.
"Nós nunca duvidamos que a morte não tivesse sido por afogamento. A morte do garoto é uma perda lamentável, que aconteceu na USP, mas que poderia ter acontecido em qualquer outro lugar, como numa represa ou no mar."
Silva disse que não acredita na hipótese de omissão de socorro por parte do guarda universitário. "Naquele mesmo dia, a segurança foi acionada por outros garotos para salvar um que estava se afogando, e o salvamento foi feito."
O assessor não acredita também que os amigos de Daniel tenham sido agredidos. "As lesões que eles apresentavam podem ter sido causadas por outros motivos. Isso está sendo apurado pela polícia e por uma sindicância interna da USP."

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