São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 1997
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A incerteza dos atacantes

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, o velho Lobo do fut Zagallo dá mais uma chance à dupla de ataque que ganhou a quarta (não é correto, tecnicamente, dizer tetracampeonato) Copa do Mundo para o Brasil.
Mas, seja qual for a atuação dos dois nos jogos contra a África do Sul e na Arábia Saudita, as chances de ir para Copa estão mais com Romário do que com Bebeto.
Uma questão que parecia resolvida, o companheiro de Ronaldinho no ataque, na verdade, tornou-se um problema difícil para o velho Lobo -e talvez esteja aí a explicação para a convocação do Bebeto.
Romário e Ronaldo começaram juntos dando a sensação de que formariam uma dupla para a história do fut (têm habilidade suficiente para isso).
Mas acabaram não tendo o mesmo rendimento na viagem para a Europa e no Torneio da França.
A partir daí, Romário baixou sua produtividade. Ele chegou até a ter momentos brilhantes nos jogos iniciais do Valencia (insinuava-se aquela velha artimanha do baixinho que, próximo de uma Copa do Mundo, voltava a render o fabuloso futebol que sabe jogar).
Uma série de más coincidências (contusão, saída de Valdano etc.) e a habitual instabilidade profissional de Romário acabaram deixando-o sem ritmo de jogo.
Se Romário se sair bem, a vaga de titular é dele. Se não se sair bem, as coisas ficam mais difíceis para o velho Lobo.
Bebeto é um ótimo jogador, ainda tem condições físicas para disputar mais uma Copa.
Mas ele executa com mais dificuldade o papel que Romário vinha desempenhando ao lado de Ronaldinho, isto é, a função de preparador das jogadas para a conclusão do companheiro (Romário, mais experiente e menos veloz, passou a abrir as portas para Ronaldo).
Ânderson foi mais fama do que proveito, Paulo Nunes não jogou com a camisa da seleção o futebol que jogou com a camisa do Grêmio, Dodô, de fino trato com a bola, teve altos e baixos, Jardel nunca teve a simpatia de Zagallo, Donizete, que tem toda a simpatia de Zagallo, está em má temporada, Giovanni, se for aproveitado, será para jogar mais atrás, Luizão não decolou.
Haverá sempre a opção de Muller, um jogador eficiente e maduro, mas que não reúne o potencial finalizador de Romário ou mesmo de Bebeto.
Acho que dificilmente o velho Lobo do fut arriscará uma convocação de Viola, mas ele pode ser tentado a testar o Christian, do Inter (ainda aqui, continuaremos no terrenos dos mistérios).
Vocês pensam que eu me esqueci do Edmundo, mas eu não esqueci. Colocando todos os prós e contras na balança, chega-se à conclusão que, depois do Romário, é o jogador que reúne, no momento, melhores recursos para ocupar a vaga ao lado do Ronaldinho.
O certo é que Romário seria o certo, mas como ele é incerto...
*
Parreira é o técnico ideal para dirigir as seleções do México, dos EUA, do Japão...

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