São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 1997
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Ausência de diálogo originou doping

DA REPORTAGEM LOCAL

Automedicação do atleta sem conhecimento dos médicos foi o motivo do resultado positivo do exame antidoping do nadador Alexandre Massura.
A informação foi dada ontem por Carlos Antônio Ferreira Pereira, 42, médico do centro de medicina esportiva do Minas Tênis Clube, pelo qual compete o atleta.
Massura é o reserva do Brasil no revezamento 4x100 m livre para o Mundial de natação, entre os dias 8 e 18 de janeiro, na Austrália.
O exame antidoping de Massura, realizado durante o Troféu Brasil, em outubro, acusou a presença de lidocaína, anestésico existente em alguns medicamentos.
O médico informou que o nadador teria utilizado uma pomada para hemorróidas sem o conhecimento da equipe médica durante o período da competição.
"É uma pomada facilmente encontrada nas farmácias. Ele comprou e não nos comunicou."
Pereira disse que antes de chegar ao medicamento responsável pela presença da lidocaína foi avaliada uma série de hipóteses.
"Cerca de dez dias antes do torneio, ele passou por vários exames médicos nos EUA, onde treina", afirma o médico. "Inclusive um oftalmológico. Por isso chegamos a suspeitar de um colírio."
O próprio atleta, em entrevista por telefone na noite de anteontem, não sabia precisar como a substância teria aparecido.
"Acho que foi o colírio", afirmou Massura, que não acredita em punição da Fina (Federação Internacional de Natação).
A CDBA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) divulgou em comunicado que o caso é "passível de simples justificativa" e "sem maiores consequências".
Exames
O outro nadador da seleção brasileira cujo exame deu positivo, Hugo Duppré, 22, teria passado o dia de ontem em São Paulo fazendo novos exames, segundo a Universidade Santa Cecília, de Santos, pela qual ele compete.
No primeiro teste de Duppré, convocado para os 100 m borboleta, teria sido encontrado nandrolona, um esteróide anabolizante que aumenta a massa muscular e, consequentemente, a força.
O técnico do atleta, Marcio Latuf, não confirmou a realização de novos exames.
"A última vez que eu conversei com ele foi no início da tarde de ontem (anteontem). Horas depois, fui à casa dele, mas não havia ninguém", afirmou Latuf.
A universidade informou que o atleta só deve se pronunciar após o resultado da contraprova, que acontece hoje no Canadá, e deve ser divulgado na semana que vem.

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