São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 1997 |
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Revista questiona prêmio a Ricardo Piglia
LÉO GERCHMANN
A revista acusou a Editorial Planeta -que entrega anualmente os prêmios de US$ 40 mil- e o escritor (que neste ano ganhou os US$ 40 mil) de terem acertado antecipadamente a publicação da novela vencedora. A obra, depois do concurso, seria editada conforme determinação ocorrida ainda antes da competição. O público argentino recebeu a acusação com uma certa incredulidade. Outros escritores defenderam Piglia, que conta com forte prestígio acadêmico. Além de escritor famoso pelos seus contos, novelas e ensaios, o vencedor do Prêmio Planeta deste ano é um conceituado professor de literatura. Entre os jurados que escolheram a obra "Plata Quemada" -e por isso também foram implicados na denúncia de favorecimento- estão os nomes consagrados do paraguaio Augusto Roa Bastos, do uruguaio Mario Benedetti e dos argentinos Tomás Eloy Martínez (autor do aclamado "Santa Evita") e María Esther de Miguel. Prazo suspeito O prêmio foi entregue por Martínez. Em seguida, houve o anúncio de que "Plata Quemada" seria publicada no prazo de uma semana, o que provocou a desconfiança da revista denunciante devido à rapidez prevista para o processo. A novela levou, enfim, 12 dias -cinco além do previsto- para ser publicada. Diretores da revista explicaram que as acusações não procuravam atacar a qualidade literária ou a honestidade de Piglia, mas a lisura do prêmio. O editor da Planeta, Guillermo Schavelzon, disse que o livro "Blanco Nocturno", também de Piglia, contratado em 95, ainda não está pronto. Ou seja, há um contrato com o escritor, mas que não se refere a "Plata Quemada". Piglia, que concorreu com o pseudônimo de Roberto Luminari, atribui as acusações ao fato de ter mantido "posições marxistas" e "críticas a alguns intelectuais" na época do presidente Raúl Alfonsín (UCR), de 83 a 89. Segundo o escritor, muitos desses intelectuais criticados trabalham para a revista e poderiam estar tentando se vingar por meio de acusações infundadas. Piglia confirma que já teve um contrato com a editora Planeta prevendo a reedição de obras suas. No caso de "Plata Quemada", diz que chegou a pensar na sua publicação, mas preferiu concorrer com a obra ao Prêmio Planeta. "Se o Prêmio Planeta é manipulado, as pessoas ligadas à área cultural têm de investigar. Não podem me colocar como responsável", disse o escritor. Texto Anterior: '2001', uma vitória Próximo Texto: Inglaterra discute onda de azar das Spice Girls Índice |
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