São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Venda em 2 turnos eleva ágio da Cemat

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Cemat (Centrais Elétricas Mato-grossenses) foi privatizada ontem, em leilão realizado na Bolsa do Rio, com um ágio de 21,08% sobre o preço mínimo.
A estatal mato-grossense foi comprada por um consórcio formado pelo grupo paulista Rede, especializado em energia elétrica, e a Inepar, empresa paranaense que atua nos setores de energia elétrica, telecomunicações e produção de equipamentos pesados.
O consórcio ofereceu R$ 391,5 milhões pela empresa. O preço mínimo era de R$ 323,3 milhões. Apenas outro grupo participou do leilão -o Cataguazes-Leopoldina, de Minas Gerais.
Pela primeira vez nas privatizações estaduais, foi preciso um "segundo turno" de viva voz para desempatar um leilão feito por meio da entrega de envelopes fechados.
A regra da venda da Cemat estabelecia a necessidade de um leilão de viva voz (os interessados anunciam suas propostas) complementar, se a diferença entre as propostas do primeiro e do segundo colocados da fase dos envelopes fosse inferior a 10%.
Quando foram abertos os dois envelopes, a proposta do consórcio Rede-Inepar era de R$ 358,88 milhões, e a do Cataguazes-Leopoldina, de R$ 370 milhões (diferença de aproximadamente 3%). O ágio do vencedor até então era de 14,43%.
A realização de um "segundo turno" acabou fazendo com que o grupo mineiro, que fizera a maior oferta, acabasse perdendo a disputa. No leilão de viva voz, venceu a maior agressividade do Rede-Inepar, cuja maior oferta chegou a R$ 391,5 milhões -R$ 500 mil a mais do que a de seu concorrente.
Salários
O governo do Mato Grosso vai utilizar mais da metade dos R$ 170 milhões que espera receber pela venda da Cemat para pagar salários do funcionalismo.
Ele ainda não tem certeza de que receberá os R$ 170 milhões. Há uma resolução do Senado determinando que os Estados usem 50% do que arrecadarem em privatizações para pagar dívidas.
A parcela do valor da venda que não irá para o Estado será dividida pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que antecipou dinheiro ao Mato Grosso, e pela Eletrobrás, que havia comprado 47,5% do capital da empresa como parte dos preparativos para a privatização.
O BNDES vai financiar o consórcio comprador com R$ 161,65 milhões. Foi o primeiro leilão de privatização do setor elétrico que não teve nenhum grupo estrangeiro como participante direto dos grupos que o disputaram. A presença estrangeira ficou por conta de uma participação de 36% que a CSW (Central and South West Corporation), dos EUA, tem no capital total da holding do grupo Rede.
Antes do leilão, foi lida uma notificação da 11ª Vara Cível do Mato Grosso, alertando os interessados na empresa sobre a cobrança judicial de uma dívida de R$ 13 milhões. Quem cobra é a empresa Amper, de Armando de Oliveira, irmão do governador.

Próximas privatizações do setor elétrico: Energipe (Empresa de Energia Elétrica de Sergipe S/A), em 3/12; Cosern (Companhia Energética do Rio Grande do Norte S/A), em 12/12

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