São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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L.G. pode adiar investimento de US$ 1 bi

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A coreana L.G. Eletronics da Amazônia, que está comemorando quase um ano de operação no Brasil, estuda a possibilidade de postergar o investimento de US$ 1 bilhão programado para até 2005.
No início deste ano, a empresa estava decidida a instalar no país uma fábrica de cinescópios (tubos de imagem) -a construção deveria ter início em 1998- e a disputar o mercado brasileiro de linha branca (eletrodomésticos).
Com o arrefecimento do consumo de eletroeletrônicos, sobretudo a partir de abril, a companhia -que fabrica em Manaus (AM) televisores, videocassetes e fornos de microondas e, em Taubaté (SP), monitores de vídeo- decidiu ser um pouco mais cautelosa nos seus planos de expansão no Brasil.
"O mercado brasileiro está preocupante", afirma S. R. Kihl, presidente da L.G. Eletronics. Segundo ele, a indústria eletroeletrônica não conseguiu adequar a oferta à demanda e ainda mantém estoque de aproximadamente 1,4 milhão de televisores.
Essa preocupação com o comportamento do consumo no país, afirma Kihl, levou a coreana L.G. a solicitar quase diariamente informações sobre o mercado brasileiro por meio de notícias de jornais e revistas e de associações de indústrias.
A L.G. investiu, nas duas fábricas já instaladas no país, cerca de US$ 70 milhões. Nos seus planos iniciais de investimento, a unidade de cinescópios seria a prioridade para o ano que vem.
A L.G. vinha estudando um local para iniciar as obras. Taubaté, onde a empresa tem uma fábrica, parecia ser uma opção mais conveniente. "Mas a decisão final do local, que pode ser postergada, depende dos incentivos fiscais que podemos conseguir do governo."
A entrada no mercado brasileiro de linha branca, outra intenção do grupo coreano, vai depender do fortalecimento da marca no país. "Agora, mais do que nunca, esse investimento está ligado à segurança que o mercado brasileiro pode nos dar."
A L.G. quer estudar com cuidado o potencial de consumo do brasileiro pelo menos até o final do primeiro semestre de 1998. "O início dos novos investimentos vai depender da demanda e das ações do governo em favor das exportações."
Só vale a pena construir uma fábrica de cinescópios no país, por exemplo, diz o presidente da L.G., se for possível vender, no mínimo, 3 milhões de unidades anuais.
Maus resultados
O que se vê no país desde abril, diz, é uma situação pouco animadora. Kihl lembra que a produção já teve de ser reduzida de 15% a 20% em relação à prevista. O faturamento da empresa (não revelado) será menor do que o esperado, e o prejuízo, maior.
Para minimizar as perdas deste ano, afirma ele, a matriz decidiu adotar no Brasil um plano de produção móvel, que pode ser alterado mês a mês.
Na prática, tal procedimento significa que o grupo está preparado para fabricar rapidamente um modelo do produto mais vendido em um certo período. As entregas das mercadorias também estão sendo agilizadas.
Ao comentar as recentes medidas adotadas pelo governo -alta dos juros e aperto fiscal-, Kihl diz que elas são "um choque contra a produção e tornaram o mercado ainda mais complicado".
A L.G. não é a única que está cautelosa com os investimentos no país. A concorrente coreana Samsung anunciou recentemente que resolveu adiar, por tempo indeterminado, a construção de uma fábrica de eletrodomésticos no Estado de São Paulo.

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