São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Exigências elevam juro de longo prazo

Alerta é feito pelo presidente da Febraban

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A exigência de maior capitalização dos bancos que atuam na área de crédito deve elevar as taxas de juro cobradas nas operações de longo prazo.
A avaliação é do presidente da Febraban (entidade que reúne os bancos), Roberto Setubal.
"Nas operações de longo prazo, os bancos terão que comprometer uma parcela maior do seu capital sem perspectiva de recuperação no curto prazo. Para compensar o fato de mais dinheiro estar comprometido por um prazo extenso, os 'spreads' devem subir", afirma Setubal.
Segundo ele, esse aumento das taxas deve atingir os repasses de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), principalmente para grandes clientes, onde os juros são mais enxutos.
Para Setubal, as operações de crédito para pessoas físicas e empresas de menor porte, que costumam ter prazos menores, não devem ser afetadas.
O presidente da Febraban acredita que a maioria dos bancos, principalmente os de grande porte, não terá de se adequar aos novos limites.
"A maioria tem 12% a 13% de capital alocado para as operações de crédito", afirma Setubal.
Para o presidente do Banco Bozano, Simonsen, Paulo Ferraz, os bancos brasileiros têm folga de capital tanto nas operações de crédito quanto nas operações de mercado futuro.
"Algumas instituições que não tinham essa folga procuraram se ajustar em função da crise", diz Ferraz.
Nos casos em que os limites estiverem excedidos, o banco tem duas alternativas. Ou reduz suas posições ou aumenta o capital alocado para aquelas operações.
Prevenção
Na avaliação dos banqueiros, as medidas têm caráter preventivo e não significam que o governo tenha detectado muitas instituições próximas aos limites.
"O governo reagiu à crise aumentando o conservadorismo, o que é correto", diz Paulo Ferraz.
"As medidas são preventivas. O governo está exigindo maior capitalização dos bancos em um momento em que o mercado apresenta grande volatilidade", concorda Roberto Setubal.
Ao elevar de 10% para 11% o percentual de capital necessário para lastrear as operações de crédito, o governo brasileiro adotou uma postura ainda mais conservadora em relação ao Acordo da Basiléia (que regula regras bancárias internacionais).
Segundo o acordo, que determina as regras do setor bancário mundial, para uma dada carteira de crédito os bancos devem alocar 8% de capital próprio.

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