São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Membro de Mancha Verde é condenado

SANDRA HAHN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O torcedor da extinta torcida organizada Mancha Verde Vanderlei Pereira da Costa, 19, foi condenado na madrugada desta quinta-feira a 14 anos e seis meses de prisão por nove tentativas de homicídio.
O julgamento de Costa foi realizado na 1ª Vara do Júri de Porto Alegre (RS).
Até terça-feira, os advogados do acusado vão apresentar uma apelação ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul para tentar reverter a sentença.
Costa foi acusado de atirar uma bomba artesanal contra um ônibus que levava torcedores do Grêmio, em abril deste ano, na capital gaúcha. O Grêmio havia disputado uma partida contra o Sporting Cristal, do Peru, pela Libertadores.
O torcedor do Palmeiras disse que estava em Porto Alegre para visitar sua namorada, cujo nome a polícia manteve em sigilo.
Costa foi preso em abril em Florianópolis (SC), numa operação conjunta da polícia gaúcha e da catarinense. Quando foi preso, Costa levava um machadinho, um exemplar da revista "Atenção", que trazia uma reportagem sobre neonazismo, e um casaco da Mancha Verde.
Apelidado de Chininha, Costa negou que estivesse presente no local do atentado, na avenida Protásio Alves, zona oeste de Porto Alegre. Ao ser interrogado pelo juiz Nereu José Giacomolli, o torcedor confirmou que montou a bomba, mas negou que tivesse atirado o explosivo contra o ônibus.
Discriminação
O advogado de Osmar Teixeira, que atuou com outros dois colegas no julgamento, disse que "houve uma discriminação do réu, por ser de São Paulo, negro e pobre".
Teixeira considerou que o resultado "foi uma injustiça, diante do que havia no processo". O advogado afirmou que a bomba utilizada no atentado "não tinha capacidade explosiva de matar ninguém, conforme o laudo médico". Teixeira defendeu que o réu deveria responder por lesões e não tentativa de homicídio.
Por causa do episódio, Marcelo Ramos de Azevedo, 19, perdeu a visão do olho direito, e Tiago Maia, 12, perdeu parte da visão dos dois olhos.
Rafael Bordini de Castro, 23, e Luís Eduardo Fernandes da Silveira, 21, foram acusados pelos mesmos motivos que Costa, além de outros cinco menores. Castro e Silveira ainda não foram julgados.
O promotor José Pedro Machado Keunecke acusou Costa por tentativa de homicídio de cada um dos passageiros feridos. Keunecke considerou que "a decisão, exemplar, repercutirá em todo o país".
O promotor afirmou que "a violência nos estádios está acontecendo em todo o país e a Justiça não pode ser tolerante".

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