São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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Recuo visa garantir votação da reforma

OSWALDO BUARIM JR.; RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As concessões do presidente Fernando Henrique Cardoso no pacote fiscal foram uma retribuição às vitórias que os partidos governistas lhe deram nas últimas duas semanas no Congresso.
O líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), disse que o presidente decidiu "fazer um acordo de base", atendendo aos aliados que propuseram mudanças no pacote e esperavam ser atendidos, já que deram os votos necessários para aprovar as medidas de interesse do Palácio do Planalto.
Arruda fez uma lista de vitórias do governo nas últimas duas semanas: a aprovação em segundo turno da reforma administrativa na Câmara, a admissibilidade de sete medidas provisórias do pacote, a aprovação do SFI (Sistema Financeiro Imobiliário) pelo Senado e a retirada de obstáculos regimentais à reforma da Previdência.
"Faltava para a medida provisória 1.602 um acordo de base, que tinha dado tudo isso (as vitórias) a ele (FHC). Aí o presidente deu uma freada de arrumação", disse Arruda. Na "arrumação", FHC reduziu os cortes dos incentivos fiscais e aliviou o aumento do IR para quem ganha menos.
Depois do encontro com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) no Palácio da Alvorada, FHC ligou para Arruda e para o Ministério da Fazenda e mandou que se reunissem para fazer as contas do acordo que fechara.
Reuniram-se Arruda, o relator da MP, deputado Roberto Brant (PSDB-MG), o secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel.
Na entrevista em que anunciou as mudanças no pacote, FHC distribuiu afagos aos principais partidos aliados do governo -PSDB, PFL e PMDB- e aos presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), em seu pronunciamento de ontem.
O líder do governo no Senado, Elcio Álvares (PFL-ES), disse que FHC foi "habilidoso" ao citar nominalmente os principais líderes aliados do Congresso.
"Isso acalma os ânimos e facilita a aprovação das medidas de ajuste fiscal", afirmou.
Segundo Álvares, FHC teve a preocupação de "valorizar" a base porque não está apenas administrando uma crise emergencial.
O presidente depende também da aprovação das reformas administrativa e previdenciária e, se provocasse divergências em sua base parlamentar, estaria comprometendo as mudanças constitucionais.
Para aproveitar o retorno da "lua-de-mel" com seus aliados, o presidente deverá insistir na convocação extraordinária do Congresso em janeiro e fevereiro, para terminar a votação das reformas da Previdência e administrativa.
O primeiro "carinho" de FHC foi dedicado ao presidente do Senado. Na quinta-feira à noite, os dois deixaram juntos a Catedral de Brasília e foram para o Palácio da Alvorada, onde acertaram as mudanças no pacote.
(OSWALDO BUARIM JR.
e RAQUEL ULHÔA)

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