São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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Governo 'aloprado' só reconheceu seu exagero, afirmou Vicentinho

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, disse ontem que a nova versão do pacote fiscal, mais branda, não vai aliviar o aumento do desemprego.
"Acho que a decisão de diminuir o pacote foi só o reconhecimento do exagero de um 'aloprado'. O governo mexeu, mas nada mudou no que era essencial, as taxas de juros", afirmou.
"Na verdade, o governo entrou com os pés e com as mãos em cima do trabalhador e agora está tirando os dedos", completou Vicentinho.
Segundo ele, a CUT pretende fazer uma manifestação em Brasília no próximo dia 5 contra o aumento dos juros, a aprovação da reforma administrativa e em favor do emprego.
No mês passado, a central já havia realizado uma carreata até Brasília para protestar contra a então iminente votação das reformas.
Anchieta
Esse não será a primeira manifestação de trabalhadores contra o pacote fiscal.
Ontem pela manhã, cerca de 5.000 metalúrgicos de São Paulo ligados à Força Sindical, segundo cálculos da central, participaram de uma passeata na rodovia Anchieta, zona sul da cidade.
Para garantir o sucesso da manifestação, a Força garantiu o transporte de metalúrgicos de outras partes da cidade.
Os manifestantes saíram da porta da Hoesch, empresa que produz molas, e seguiram pela Anchieta até o largo Sacomã.
Além de faixas e cartazes, os metalúrgicos carregavam pacotes de papel, para protestar contra as medidas fiscais do governo, a queda da produção industrial e o desemprego.
A passeata de ontem foi a terceira manifestação que os metalúrgicos de São Paulo realizaram em São Paulo nesta semana.
As outras duas foram nas regiões norte e oeste da cidade, quando os sindicalistas conseguiram reunir cerca de 2.000 pessoas por evento.
Pressão
À tarde, depois de saber das novas medidas, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que as mudanças feitas pelo governo no pacote são positivas.
"Apesar de as medidas não resolverem o problema, a atitude mostra que as pressões da sociedade estão dando certo. Agora vamos pressionar para que os juros sejam reduzidos", acredita.
Para o sindicalista, a decisão do governo pode ser uma sinalização de que o pacote e alta de juros podem ser passageiras.
Soluções
Segundo Paulinho, isso estimula os trabalhadores a procurar soluções para evitar as possíveis demissões que as medidas devem provocar nos próximos meses.
Metalúrgicos da Força Sindical e da CUT iniciaram ontem uma negociação com as indústrias de autopeças para tentar evitar demissões no setor.

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