São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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Metalúrgicos rejeitam redução de salário

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Metalúrgicos da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da Força Sindical rejeitaram ontem proposta de redução de jornada de trabalho com diminuição proporcional de salários feita pelo Sindipeças, que representa 1.600 empresas de autopeças no Estado de São Paulo.
O Sindipeças propôs a redução de 25% na jornada e nos salários como solução para evitar demissões nos próximos três meses.
Segundo os cálculos do sindicato, entre 5.000 e 8.000 empregos podem ser eliminados nos próximos três meses por causa do aumento dos juros. O setor emprega cerca de 193 mil pessoas no Estado.
A proposta foi rejeitada por causa do percentual de redução nos salários, de 25%, considerado alto pelos metalúrgicos.
Em princípio, a Força aceita uma redução menor. A CUT diz ser contra qualquer diminuição de salários, mas a Folha apurou que alguns dirigentes da central aceitariam uma redução de até 15%.
A Constituição permite qualquer percentual de redução nos salários, desde que a decisão conste de acordo coletivo entre empresas e sindicatos.
Os metalúrgicos pediram uma semana para apresentar uma contraproposta às empresas de autopeças. Dirigentes das duas centrais se reúnem na segunda para discutir alternativas à oferta dos empresários. Na terça e na quarta, eles realizam assembléias com os trabalhadores para apresentar a posição das lideranças sindicais. Na quinta, haverá uma nova reunião entre trabalhadores e empresários.
Durante a reunião de ontem, os metalúrgicos da CUT defenderam a simples adoção de um banco de horas -um sistema já adotado em outros setores, como o automotivo, e que permite às empresas instituir uma jornada flexível. As horas extras são compensadas com folgas.
"O banco de horas é uma solução melhor. Nós não vamos aceitar que o trabalhador pague a conta mais uma vez", afirmou Carlos Alberto Grana, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da CUT.
"Nós queremos preservar os empregos, mas desejamos proteger o rendimento dos metalúrgicos", completou Paulo Sérgio Ribeiro Alves, presidente da Federação dos Metalúrgicos da CUT.
Segundo Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força, o acordo precisa garantir formas de reposição das perdas salariais no futuro. Além disso, o tempo de estabilidade dos trabalhadores também deve ser maior que o período do acordo.
"Se o acordo durar três meses, as empresas têm que garantir pelo menos seis meses de estabilidade", defendeu.

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