São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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Amargas ironias do futebol

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, o futebol, às vezes, é tecido naquela amarga ironia que carregam as personagens dos chamados "filmes noir" (confira no ótimo "Los Angeles Cidade Oculta", em cartaz).
Veja o caso do técnico Wanderley Luxemburgo. Há tempos que ele insiste na idéia da importância de um time econômico em cartões, sejam amarelos ou vermelhos.
Luxemburgo vinha demonstrando aos jogadores, baseado em estatísticas, que o excesso de cartões prejudica o rendimento de uma equipe no decorrer da competição.
Baseado nessa estatística, Luxemburgo, aos poucos, foi conseguindo fazer do Santos um time disciplinado.
Tanto esforço durante a fase inicial e, paradoxalmente, em uma partida na qual o time se impôs com todos os méritos, quase tudo despenca ladeira abaixo, na hora decisiva.
É mais fácil para o Santos cair na tentação da idéia segundo a qual enquanto Ricardo Teixeira estiver na presidência da CBF, ele dificilmente será o campeão brasileiro.
É mais cômodo acreditar nessa hipótese (que pode ter um pouquinho ou muito de verdade, não sei; os erros do juiz, no Pacaembu, na final contra o Botafogo, por exemplo, são erros que qualquer juiz poderia cometer. De qualquer maneira, se não vai prejudicar, é certo também que Teixeira não vai ajudar o Santos de Pelé) do que analisar as deficiências do time -na verdade, o que atrapalhou o time foi a derrota para o Atlético, na início da segunda fase.
Por outro lado, não deixa de ser intrigante o número de vezes que o juiz Cláudio Vinícius Cerdeira teve atritos com o técnico santista Wanderley Luxemburgo. Essa é uma questão que os responsáveis pela mudança na arbitragem brasileira devem investigar, sob pena de seu difícil trabalho perder de vez a credibilidade.
A partida em Porto Alegre será dificílima para o Santos, que fica sem três importantes jogadores (Muller, Dutra e Marcos Assunpção), pois o Inter tentará tudo para reconquistar o direito de sonhar.
Esta coluna escreveu que Luiz Felipe Scolari deveria manter o Euller no ataque pela mística de jogar no Mineirão: não deu outra. Euller fez um gol inusitado até para o seu próprio padrão.
O trabalho do Palmeiras ficou mais fácil porque, psicologicamente, o Atlético está muito abatido. Leão, que se revelou um ótimo técnico, perdeu o controle emocional, e os dirigentes atleticanos mostraram que estão despreparados para os tempos modernos no futebol. O Galo terá que enfrentar o seu próprio abatimento, antes de enfrentar o Palmeiras.
O Vasco, com tudo na mão, precisa tomar tenência. Não andou tão bem contra o Flamengo e poderia ter perdido o jogo contra a Lusa -que também atribui a um erro do juiz a sua derrota.
O Palmeiras, que pegou um grupo mais competitivo, está com a atmosfera a seu favor e tem tudo para sair deste fim-de-semana como um finalista do Brasileiro de 97.
O Vasco também pode sair finalista, mas terá que vencer uma Lusa mais motivada do que o Atlético e disposta a mostrar pelo menos um bom serviço no fim de tudo.

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