São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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"Faltou fiscalização dos bancos na Ásia"

Falha facilitou especulação, diz Rudiger Dornbusch

CLÁUDIA PIRES
DE NOVA YORK

A falta de uma política de fiscalização do sistema financeiro é apontada como uma das principais causas da crise que atingiu os países do Sudeste Asiático.
Essa falta de fiscalização abriu as portas para a especulação, que depreciou as moedas da região.
Para o economista, países como Indonésia e Filipinas demoraram muito a perceber que o sistema tinha falhas e a criar medidas para conter a bola de neve.
Como resultado, Dornbusch prevê que os países da região devem ter um crescimento dois pontos percentuais menor neste ano em relação a anos anteriores.
Outro estudo aponta dados um pouco mais otimistas.
Segundo análise do Instituto de Economia Internacional de Seul (Coréia), os países asiáticos devem ter neste ano um crescimento um ponto percentual menor que o registrado em anos anteriores.
O estudo foi apresentado na semana passada em Vancouver (Canadá) pelo Comitê Econômico da Apec (Assembléia de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico).
Na opinião do comitê, "isso inclui transparência nas transações e mudanças macroeconômicas de longo prazo."
O estudo de Dornbusch aponta projeções de crescimento econômico para Indonésia, Malásia, Filipinas e Tailândia nos períodos de 97 e 98. Os dados são de instituições como JP Morgan, Société Genérale e Chase Manhattan.
Esses países foram os primeiros a serem afetados pela crise no sistema financeiro. De todos os países analisados, a Tailândia é o que apresenta as piores condições.
O JP Morgan, por exemplo, projeta crescimento negativo de 1% para o país em 98, contra 1% positivo neste ano.
Segundo Dornbusch, mesmo se todas as medidas fiscais forem tomadas, não se deve esperar crescimento maior do que 2% nos próximos quatro ou cinco anos.
Já para a Société Genérale, a Tailândia deve ter crescimento negativo de 1,2% do PIB ainda em 97.
Os outros países estariam em situação um pouco melhor, mas também sofrendo desaceleração de suas economias.
Nas Filipinas, por exemplo, o crescimento deve cair de 5% neste ano para 3,9% no ano que vem, de acordo com dados do JP Morgan.
Os países com economias mais fortes, como China e Coréia do Sul teriam maior facilidade de superar as dificuldades.
A situação da Coréia é mais grave. O país vem sofrendo fortes ataques especulativos ao won.
Esses ataques fizeram com que a moeda sul-coreana -que já perdeu cerca de 20% do seu valor no ano- ficasse ainda mais enfraquecida. Além disso, o país deve aproximadamente US$ 110 bilhões, sendo que a maior parte deve ser paga em 12 meses.
O fato do país ter recorrido ao FMI (Fundo Monetário Internacional) é apontado pelos dois relatórios como positivo.

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