São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Supermercados cortam 70 mil vagas

JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 300 maiores supermercados do país cortaram cerca de 70 mil vagas nos últimos dez anos.
O faturamento e a produtividade por funcionário, no entanto, cresceram no mesmo período 15% e 46%, respectivamente.
Em 1987, os 300 maiores empregavam aproximadamente 323,9 mil pessoas. O número em 1996 era 21,5% menor -o setor absorvia cerca de 254,2 mil funcionários.
Os dados constam de análise inédita elaborada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
"O setor de varejo e serviços não está mais exercendo a função compensatória de absorver a mão-de-obra dispensada pela indústria, como ocorria no passado", afirma o economista José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador da pesquisa.
Silvestre diz que os supermercados estão exigindo hoje profissionais mais qualificados. E a grande rotatividade de pessoal que caracterizava o segmento também diminuiu.
Atividades como as de empacotador, remarcador de preço e repositor de estoque são algumas das que estão absorvendo menos gente. Ou que simplesmente tendem a desaparecer.
A diminuição do número de funcionários foi acompanhada do aumento de produtividade e de investimentos em automação e da reestruturação empresarial.
Os 300 maiores supermercados incluídos no estudo respondem por 65% do faturamento do setor.
Em 1996, o setor supermercadista teve faturamento bruto de R$ 46,4 milhões, o que representa cerca de 6,2% do PIB (soma das riquezas do país).
O número de lojas diminuiu de 4.949, em 1987, para 3.100 em todo o Brasil, em 1996. As filiais, em contrapartida, ficaram 45% maiores e têm 43% mais caixas.
"Houve um aumento da carga de trabalho e da responsabilidade do funcionário no que se refere à área a ser cuidada", diz o economista.
Reduzir o número de lojas não significou deixar de crescer, como atestam outros dois indicadores. O faturamento por metro quadrado e por caixa aumentaram 26,9% e 28,4%, nessa ordem.
Silvestre observa que os ganhos de produtividade não se converteram necessariamente em ganhos salariais para os trabalhadores.

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