São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Sindicato perde força com o desemprego

SILVANA QUAGLIO

SILVANA QUAGLIO; CARLA ARANHA SCHTRUK
EDITORA-INTERINA DE EMPREGOS

No país, só 16,2% dos trabalhadores são associados

CARLA ARANHA SCHTRUK
O movimento sindical está em baixa. A situação não atinge só o Brasil. Um relatório recém-divulgado da OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostra que a taxa de sindicalização despencou para menos de 20% da massa de trabalhadores em 48 países, entre 85 e 95. Foram pesquisados 92 países.
Isso quer dizer que, de um exército mundial estimado em 1,3 bilhão de trabalhadores, só 164 milhões eram sindicalizados em 95.
O Brasil não consta do relatório. Mas, com pouco mais de 11 mil sindicatos, de acordo com o IBGE, o país tem uma taxa de sindicalização considerada baixa, de 16,2%.
Mas, se o sindicalismo perde força desde o início dos anos 80 em boa parte do mundo, a tendência está se invertendo, segundo João Guilherme Vargas Neto, consultor para assuntos sindicais.
No Brasil, o sindicalismo enfrenta a hora da verdade. Sem a inflação estratosférica a determinar a reposição salarial em cada negociação e assombrados pelo fantasma do desemprego, sindicalistas estão tendo de reconhecer reivindicações específicas de suas bases e buscar novas conquistas.
Por isso muitos trabalhadores se perguntam se vale a pena ser sindicalizado. Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que sim. Mas o interesse parece maior entre empregados ligados à produção ou ao setor de serviço do que entre profissionais liberais.
Algumas categorias, como a dos metalúrgicos do ABC, contabilizam índice invejável de sindicalização, de 70%. O motivo mais atual é a necessidade de lutar pela manutenção dos empregos ameaçados pelos avanços tecnológicos.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo registrou um aumento de 30% no número de associados, desde 85. De 300 mil trabalhadores, 110 mil são sindicalizados.
O metalúrgico Carlos Alberto de Lima, 40, acha bom ser sindicalizado. Sua categoria está recebendo uma fatia dos lucros das empresas -um benefício previsto em Medida Provisória (quase lei), mas que só tem sido repassado às categorias que conseguem negociá-lo com os empregadores.
Já o publicitário Giovano Marques, 32, afirma que o sindicato não lhe traz benefícios. "O problema é que o nosso sindicato não é representativo."
O presidente do sindicato dos publicitários de São Paulo, Dalton Silvano, 44, culpa o baixo índice de sindicalização da categoria. Dos 11 mil publicitários do Estado, apenas 3.000 são sindicalizados.

LEIA MAIS sobre sindicalismo à pág. 1-3

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