São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Voz do Banco

DA REPORTAGEM LOCAL; DA AGÊNCIA FOLHA; DA SUCURSAL DO RIO

Técnicos semifinalistas elogiam a arbitragem do Brasileiro-97, condenam a atual fórmula de disputa e defendem, em enquete realizada pela Folha, a adoção do sistema de pontos corridos
* Dos técnicos semifinalistas, 4 foram campeões brasileiros: Silva, Scolari, Autuori e Luxemburgo
* Das 8 equipes nesta fase final, 3 mudaram de técnico durante a competição: Fla, Lusa e Juventude
* Devem trocar de time 4 técnicos entre os que estão na disputa: Leão, Silva, Cassiá e Luxemburgo
Em enquete realizada pela Folha com os oito técnicos semifinalistas do Brasileiro, a maioria se mostrou avessa à atual fórmula de disputa, defendendo o sistema de pontos corridos, elegeu o vascaíno Edmundo o destaque e viu melhoras no nível da arbitragem.
A única unanimidade verificada, no entanto, foi apontar os oito semifinalistas como os melhores times do campeonato.
Entre os que viram piora ou manutenção no nível dos árbitros, dois deles tiveram problemas com juízes nesta semifinal: Emerson Leão, do Atlético-MG, e Wanderley Luxemburgo, do Santos.
O meia Alex, do Palmeiras, foi eleito a revelação do Brasileiro. Curiosamente, Luiz Felipe Scolari, técnico da equipe de Alex, não votou no jogador. Optou pelo goleiro André, do Inter, que ficou em segundo lugar.
Scolari também é o único a ter um contrato mais longo com o time que comanda. Assinou até junho de 1999.
Cinco deles têm contrato que se encerram ao final da atual temporada. Já o técnico da Lusa, Carlos Alberto Silva, afirma ter firmado dois, ambos verbais: um até o final deste ano e outro até o final do Paulista-98.
*
Folha - Você é a favor ou contra o veto aos estádios com capacidade inferior a 40 mil pessoas para as fases finais do campeonato?
Antônio Lopes - Sou a favor que essas partidas finais, por uma questão de segurança, sejam em estádios com capacidade acima de 40 mil.
Paulo Autuori - Contra. Se os estádios dos times classificados tiverem segurança, não vejo por que vetar.
Carlos Alberto Silva - Sou contra. Os clássicos deveriam ser realizados nos grandes estádios, e os jogos mais simples, de equipes com menos torcida, em seus próprios estádios.
Cassiá - Contra. Isso atrapalha muito o Juventude. Também prejudica a Lusa e o Santos, que é quase imbatível na Vila Belmiro. Nós não temos como trazer nossa torcida de Caxias do Sul para Porto Alegre.
Scolari - A favor.
Roth - Não é questão de ser a favor ou contra. Se é uma regra estabelecida no início do campeonato, tem de ser obedecida.
Agora, eu, particularmente, acho que um estádio tem de oferecer condições normais, não precisa ter 40 mil lugares.
Luxemburgo - Sou contra. Se as equipes não têm condições de poder participar de uma competição porque não têm estádio, então não participem.
Na primeira fase, é permitido. Agora, se é feita uma competição em que estádios são considerados aptos para a prática do futebol e depois, na fase final, passam a ser inaptos, então tem alguma coisa errada. Sou, portanto, totalmente contrário.
Leão - Eu sou contra o time sair da sua cidade para jogar. Agora, se na mesma cidade existir um outro estádio com capacidade superior a 40 mil pessoas, os jogos deveriam ser realizados nesse estádio maior.
Folha - O escândalo da Conaf, pouco antes do início do campeonato, mexeu com a estrutura da arbitragem brasileira. Sob o comando de Armando Marques, a arbitragem no Brasileiro melhorou, ficou igual ou piorou?
Lopes - Melhorou bastante porque ele é um cara competente, foi um grande árbitro, conhece muito de arbitragem. Acho que a arbitragem do futebol brasileiro melhorou, ele está trabalhando para isso e com o tempo vai melhorar ainda mais.
Autuori - Está um pouco melhor.
Silva - Melhorou, porque Armando Marques ainda é uma das reservas morais deste país.
Cassiá - A arbitragem está melhor. Houve renovação em todos os Estados, e a arbitragem melhorou em âmbito nacional.
Scolari - Melhorou. Tem mais seriedade.
Roth - Continua no mesmo nível, agora com mais atenção pública. Diria que a arbitragem está apresentando um equilíbrio.
Luxemburgo - Está igual. Eles se prepararam, mas eu continuo vendo os equívocos, da mesma forma como era antigamente. Agora, não resta dúvida de que o escândalo mexeu com a parte moral. Mas em nível de qualidade, não vejo melhora acentuada. Vejo os mesmos árbitros, com os mesmos equívocos, com as mesmas coisas que tinham anteriormente.
Leão - Eles erraram mais. Acho que isso ocorreu por terem promovido a estréia de mais juízes em jogos difíceis, como são os do Brasileiro. Portanto, piorou.
Folha - Qual é o regulamento ideal para uma competição nacional? Pontos corridos ou mata-mata depois de uma fase de classificação?
Lopes - Acho que o regulamento atual está bom. Acho apenas que esses dois quadrangulares não deveriam classificar apenas um time cada. Deveria classificar o primeiro e o segundo para formar mais um quadrangular depois. Seria ideal primeiro o octogonal, depois um quadrangular.
Autuori - Pontos corridos. Todos os jogos são decisivos.
Silva - Pontos corridos. É mais lógico e racional.
Cassiá - Ainda dá para aprimorar. Acho que seria bom ida e volta, com pontos corridos, fazendo uma fase final com quatro times, por exemplo.
Scolari - Pontos corridos, com 16 clubes participantes.
Roth - A pergunta é muito geral para uma resposta rápida. Mas a fórmula deste ano é bem equilibrada. Parece ser boa.
Luxemburgo - Eu acho que com pontos corridos se tem a melhor competição. Se você fizer com um número de clubes que dê motivação para a competição, com qualidade, todos os jogos vão ter muitos torcedores, e vai ser um campeonato bastante motivadore.
Além disso, devemos respeitar o acesso e o descenso, sem nada de virada de mesa, porque, se isso tudo for respeitados os clubes terão de se preparar melhor para a competição.
Leão - Pontos corridos, pois valoriza a capacidade e a regularidade.
Folha - Quem é o melhor jogador do campeonato?
Lopes - Edmundo.
Autuori - Como disse, não gosto de apontar jogadores. No meu trabalho, valorizo o coletivo.
Silva - Deve ser o Edmundo, que é o artilheiro. Há muitas revelações. O Rodrigo, embora tenha se revelado no ano passado, continua sendo destaque.
Cassiá - Edmundo.
Scolari - O melhor é o Edmundo.
Roth - Vários jogadores têm se destacado. Se for por gols, é o Edmundo. Mas a escolha não deve levar em conta apenas os gols. Teria de fazer uma análise mais demorada para responder.
Luxemburgo - Teve grandes jogadores, mas eu não gosto nunca de destacar.
Leão - Não sei.
Folha - E a revelação?
Lopes - Acho que apareceram vários bons jogadores. Esse Alex, do Palmeiras, e o Felipe, do Vasco, foram os dois jogadores que mais se destacaram.
Autuori - Não gosto de apontar jogadores. No meu trabalho, gosto sempre de valorizar o coletivo.
Silva - Há muitas revelações. O Rodrigo, embora tenha se revelado no ano passado, continua sendo destaque.
Cassiá - O Alex, do Palmeiras.
Scolari - A revelação é o André, goleiro do Inter.
Roth - Tem quatro ou cinco. O Christian (Inter), o Alex (Palmeiras), o Rodrigo (Lusa). Teria de pensar mais para apontar um.
Luxemburgo - Como revelação, vi o goleiro do Inter (André) se firmando como titular da equipe e tendo grandes apresentações. Talvez tenha sido o jogador que mais tenha se destacado.
Leão - Dedê (lateral-esquerdo do Atlético-MG).
Folha - Quando termina seu contrato com o clube? Vai permanecer em 98?
Lopes - O contrato termina no final de dezembro. Minha permanência depende da diretoria do clube, do Eurico, do Calçada, que são os homens que mandam no futebol do Vasco da Gama.
Por mim, eu fico no Vasco porque estou no meu lugar, gosto do clube, estou na minha cidade... A tendência é ficar, caso a diretoria queira que eu continue.
Autuori - O meu contrato é até julho de 98, e vou cumpri-lo.
Silva - Tenho dois contratos com o clube, ambos verbais. Um até o final do Brasileiro, outro até o final do Paulista-98.
Cassiá - Fiz um contrato por cinco jogos (Cassiá assumiu na segunda rodada do quadrangular, substituindo Gílson Nunes). Iria assumir o Rio Branco, de Americana, mas desisti, porque não daria tempo de estar lá no dia 10 de dezembro.
Scolari - Tenho contrato até junho de 1999. Fico em 1998.
Roth - Meu contrato vai até 31 de dezembro próximo. Haverá eleição para a presidência do Inter. Ainda não há uma definição sobre o futuro.
Luxemburgo - Meu contrato termina em 98, mas só no final do ano é que nós vamos saber se daremos continuidade, em cima daquilo que vamos conversar (com a diretoria).
Leão - Meu contrato vai até 31 de dezembro de 97. Não sei se permaneço depois.
Folha - Os times que chegaram à essa fase são realmente os oito melhores do Brasil? Se não, quem deveria estar na semifinal?
Lopes - Acho que esses são os que fizeram por onde, no decorrer da primeira fase. Acho que ganharam merecidamente a classificação porque são os oito melhores times do Brasil, pelo menos no atual momento.
Autuori - Não resta dúvida de que são os melhores.
Silva - Quem chegou à semifinal foram os melhores, mas alguns clubes grandes que estão se reestruturando, como Corinthians e São Paulo, poderiam estar nas semifinais.
Cassiá - Sim, prevaleceu o critério técnico no campeonato, também em relação aos que foram rebaixados.
Scolari - Os times que chegaram à semifinal são aqueles que obtiveram melhor pontuação e souberam usar o regulamento no geral.
Roth - Sim, os oito são os melhores.
Luxemburgo - São os oito melhores, porque produziram para isso. Mas tem outras equipes de qualidade que poderiam estar: o Cruzeiro, o Grêmio, o Corinthians, que individualmente tem um time muito bom, o São Paulo, o Vitória. Agora, os oito classificados foram melhores porque produziram para isso.
Leão - Dentro do campeonato mostraram que são os melhores. Por outro lado, no entanto, isso não significa que são os melhores do Brasil.

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