São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
Próximo Texto | Índice

Espanha condena braço político do ETA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Suprema Corte da Espanha condenou a sete anos de prisão 23 líderes do partido Herri Batasuna (HB), o braço político da guerrilha separatista basca ETA, por colaboração com o terrorismo.
Os condenados, em sua maioria deputados do País Basco, foram processados por terem exibido na TV, durante a campanha para as eleições gerais do ano passado, imagens de terroristas do ETA.
No vídeo, membros do grupo defendiam a anistia para colegas presos e a independência da região basca, que abarca partes do norte da Espanha e do sul da França.
Além da pena de prisão, a sentença determinou também que cada um dos condenados pague multa equivalente a US$ 3.500.
Foi a primeira vez que uma decisão judicial reconheceu um elo entre o ETA e o Herri Batasuna. O partido sempre afirmou apoiar a causa dos terroristas, mas discordar de seus métodos.
A condenação foi criticada por diversos líderes bascos e por políticos de esquerda, adversários do atual governo de direita espanhol.
"É um caso insólito, um golpe contra qualquer tentativa de negociação de paz", afirmou Karmelo Landa, um dos condenados. O HB vai recorrer da sentença à Corte Constitucional.
"É uma barbárie do ponto de vista jurídico e político", disse Rafael Larreina, porta-voz do partido basco Eusko Alkartasuna.
A condenação foi classificada como "uma passo atrás na normalização e pacificação do País Basco" pela Esquerda Unida, coalizão de partidos de esquerda e a terceira força política da Espanha.
Retaliação
Os líderes separatistas prometem mais do que palavras para protestar contra a sentença. Ontem, confirmaram a convocação de uma greve geral para o próximo dia 15. A greve havia sido anunciada no sábado, quando circularam rumores sobre a condenação.
Segundo eles, a condenação provocará "graves consequências".
O ETA também pode se levantar contra a sentença. Autoridades espanholas temem uma explosão de violência no norte do país. O grupo já matou mais de 800 pessoas em sua luta de quase 30 anos pela independência do País Basco.
Para a ministra da Justiça, Margarita Mariscal de Gante, a condenação se aplica a indivíduos, e não é "uma perseguição a uma organização política e às suas idéias".
A decisão da corte foi elogiada por parentes das vítimas do terrorismo. "Nós podemos ficar satisfeitos porque isso mostrou claramente a conexão entre o ETA e o Herri Batasuna", afirmou Ana María Vidal, presidente da Associação das Vítimas do Terrorismo.
A condenação dos líderes do HB representa mais um golpe contra os separatistas bascos. Neste ano, a Espanha assistiu às maiores manifestações populares contra o ETA e o seu braço político.
Em julho, cerca de 2 milhões de pessoas foram às ruas na Espanha protestar contra o HB e o ETA. As manifestações foram deflagradas pelo assassinato do vereador da região basca Miguel Angel Blanco.

Próximo Texto: Estimativa sobre o ouro nazista na Suíça cresce
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.