São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Executivos prevêem fim de crise a custo alto

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O Brasil sairá da crise em que mergulhou, na esteira da turbulência asiática, mas a um elevado custo. Foi a avaliação obtida pela Folha junto a executivos de instituições financeiras de porte que ouviram a exposição primeiro do presidente Fernando Henrique Cardoso e, depois, dos presidentes do Banco Central, Gustavo Franco, e do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Nenhum dos executivos consultados usou a palavra recessão, mas um deles disse que a desaceleração econômica será fortíssima.
Dois fatores podem complicar a situação para o Brasil, sempre na avaliação do pessoal das finanças internacionais.
O primeiro seria o efeito do desaquecimento econômico sobre os humores do eleitorado. Ainda mais que as medidas agora adotadas para enfrentar a crise tendem a ser sentidas mais intensamente por volta de junho/julho, época em que o eleitor começa de fato a definir seu voto.
Se o governo perceber uma queda de popularidade, pode se sentir tentado a relaxar no esforço fiscal. Ganharia simpatias internas, mas voltaria a ficar sob suspeita aos olhos do mercado internacional.
FHC já não é dado como virtual presidente reeleito, mas não se vê um adversário com reais chances pela oposição. Ao contrário, há quem diga que os conservadores podem ser o verdadeiro desafio do presidente, em uma eventual articulação Paulo Maluf (PPB)/Antonio Carlos Magalhães (PFL).
Um dos executivos até cometeu um revelador ato falho: disse que o candidato favorito ainda era "Antonio Henrique". Percebeu logo e brincou: "Espero que não haja nenhum baiano perto de nós".
O segundo fator seria uma eventual queda mais acentuada da atividade econômica nos EUA, como consequência da crise asiática.
Pelo lado positivo, a Folha não ouviu de nenhum dos presentes que pôde consultar uma aposta na desvalorização do real. Ao contrário. Graham Stock, por exemplo, economista para América Latina da EIU (unidade de inteligência da revista britânica "The Economist"), conta que sua avaliação sobre o Brasil é "bastante positiva" exatamente porque acha que o governo não será forçado a mexer no câmbio.
(CR)

Texto Anterior: Brasil crescerá entre 0,5% e 2%, diz BNDES
Próximo Texto: A agenda de FHC no Reino Unido
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.