São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
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Júri condena um por morte de biólogo

MARCELO TEIXEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

O empresário Aílton Barbosa Queiroz, 57, foi condenado a 16 anos de prisão ontem, em Guarapari (ES), por participação no assassinato do biólogo e ambientalista Paulo César Vinha.
Seis dos sete jurados votaram pela condenação e um preferiu a absolvição, em julgamento que durou 20 horas (começou anteontem, às 9h, e terminou por volta das 5h de ontem).
O ambientalista Paulo Vinha, que era integrante do Greenpeace e lutava contra a exploração desordenada de areia na região de Barra do Jucu, no município de Vila Velha (ES), foi morto com quatro tiros quando trabalhava em um projeto de recuperação de uma área degradada na reserva de Setiba, em Guarapari (54 km de Vitória). Ele tinha 37 anos. O local, hoje, é um parque estadual e leva o nome do ambientalista morto.
Os irmãos Aílton Barbosa Queiroz e José Barbosa Queiroz, empresários do ramo de extração e venda de areia, foram apontados como os assassinos do biólogo. José Queiroz, 59, será julgado em março, como autor dos tiros. Os dois negam a autoria.
Alívio
A arquiteta Lígia Maria Viana Vinha, 46, viúva de Paulo Vinha, afirmou ontem estar aliviada com a decisão da Justiça.
"A defesa (de Aílton) tinha certeza de que ele seria absolvido, depois do desmembramento do julgamento (a Justiça havia determinado que Aílton, acusado de participação, fosse julgado separadamente de José, acusado de autoria). A decisão surpreendeu a todos eles, mas não a nós", disse.
Segundo ela, os irmãos Queiroz mataram Vinha depois de serem prejudicados pela atuação do biólogo. "Eles extraíam areia de uma área que foi embargada pela Prefeitura de Vila Velha (ES), depois de protestos liderados pelo meu marido, que denunciava a exploração predatória do local".
O protesto citado por Ligia Vinha e o consequente embargo do local de exploração aconteceram em 15 de abril de 93. No dia 27 do mesmo mês, fiscais da prefeitura flagraram os irmãos Queiroz retirando areia da área embargada. Eles foram multados. No dia 27 de abril de 93, Vinha foi assassinado.
A defesa de Aílton Barbosa Queiroz já recorreu da sentença e conseguiu que o condenado, que esperou pelo julgamento em liberdade, continuasse solto.
Marco Antônio Gomes, um dos três advogados que defendem os Queiroz, afirmou que "a decisão é absurda, baseada totalmente em indícios". Ele diz que não existe prova em todo o processo. "Nem a arma do crime foi encontrada".
O advogado afirmou que Paulo Vinha contrariou interesses de vários empresários do ramo de extração de areia e que qualquer um deles poderia ter matado o ambientalista.

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