São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997 |
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Vendas no Natal do crash encolhem em até 15%
LUCIA REGGIANI
A alta dos juros no início de novembro encareceu o crediário e assustou o consumidor doméstico, que se retraiu e vem preferindo pagar à vista. "Logo após o início da crise nas Bolsas, houve uma corrida às compras no varejo. Com a alta dos juros, o mercado parou", diz Fernando Loureiro, diretor de assuntos corporativos da Compaq. "Nossas vendas iam bem demais até a disparada dos juros. Caíram 60% na primeira semana, mas o mercado já voltou a reagir", diz Antonio Augusto Rabello, diretor comercial da Five Star. Como 80% das vendas da empresa são financiadas em até 24 meses, Rabello prevê redução de 30% nos próximos quatro meses. "Nossas taxas saltaram de 2,5% para 6,5% ao mês no crédito direto ao consumidor", diz Marcos Henrique Costa, presidente da Cybertech. E não são as mais altas do setor, que chega a registrar 8% ao mês. O quadro O mesmo juro alto que espanta o consumidor onera o fornecedor. Na indústria, o pacote atingiu os custos de produção também com o aumento de 3% nas alíquotas do Imposto de Importação. Como a concorrência é grande, a empresa não consegue repassar o aumento de custos para o consumidor e tem de apertar sua margem de lucro. A saída é baixar os preços para desovar os estoques. Se não ganhar na escala, pelo menos deixa de perder no financiamento do estoque e faz caixa para produzir máquinas tecnologicamente melhores para o ano que vem. Esse é basicamente o quadro em que se encaixam as empresas do setor hoje, variando de intensidade de acordo com o porte e os segmentos de mercado onde atuam. Saiu-se melhor quem vendeu para empresas. Elas só compram quando precisam, as despesas são previstas em orçamento, e a informatização significa uma vantagem em relação ao concorrente. Soluções A gigante IBM considera-se confortável. Voltou-se este ano para o mercado corporativo e pôde trazer dinheiro do exterior para financiar clientes a juros menores. "É junto com os problemas que vêm as oportunidades", diz Mario Bethlem, presidente da empresa. Como a IBM, a Compaq ampliou o foco no corporativo e a Apple buscou o profissional. Nenhuma espera cancelamento de pedidos nesses mercados. As três reduziram preços de micros domésticos. Neste ano, as promoções foram uma constante. Disputaram o consumidor que não estava com a renda comprometida e fizeram frente aos micros sem marca, que detêm metade do mercado de PCs domésticos, segundo Rui Campos, diretor da Fenasoft e autor do recém-lançado livro "Informática no Brasil: Fatos e Números". "O ano de 97 tinha uma perspectiva bem melhor, mas deve crescer 25% em volume e 12% a 15% em receita", prevê Campos. O futuro é incerto. "O Brasil é dependente de capitais externos e ainda não sabemos como as decisões de Coréia e Japão se refletirão aqui", pondera Ricardo Setubal, vice-presidente da Itautec-Philco. Texto Anterior: Dicas auxiliam a escolher compras Próximo Texto: Veja filmes e musicais em DVD Índice |
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