São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997 |
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Médica teve de vencer resistência
BETINA BERNARDES
Maria preferiu não ter seu nome completo publicado, por temer discriminação em decorrência do "desconhecimento do assunto". "Eu trabalho há oito anos no hospital e estou no programa de atendimento integral à mulher há dois anos. O problema é que ninguém se dispõe a ajudar. Chega uma vítima de estupro para interromper a gravidez, ninguém se habilita, encaminha para a médica que faz isso, que sou eu." Ela afirma que, no início, teve uma certa resistência a participar do programa. "Só depois é que a gente vê o quanto é importante que alguém se dedique a isso." A delegacia da mulher da cidade onde fica o hospital em que Maria trabalha atendeu, em dois anos, cerca de 200 casos de estupro. Resultaram em gravidez 28 dos casos. O aborto foi feito em dez. "Não sou contra a vida. Fizemos interrupções para salvar a vida da gestante." A médica diz que a simples aprovação do projeto não será suficiente para mudar a mentalidade dos médicos. Ela diz que os médicos ficam desconfiados. "Acham que a paciente inventa, mas há entrevistas e exames. Eu e a equipe sempre tentamos convencer a paciente a desistir do aborto." (BB) Texto Anterior: Médico defende, mas não faz aborto legal Índice |
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