São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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Tragédia humana é rotineira na África

CINILIA T. GISONDI OMAKI
MARIA ODETTE BRANCATELLI

CINILIA T. GISONDI OMAKI; MARIA ODETTE BRANCATELLI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O continente africano está associado, hoje, a endemias, Aids, miséria, massacre de etnias, tribalismo, ditaduras, guerras civis...
Na Somália, disputas pelo poder têm provocado fome crônica, pois facções rivais impedem a chegada de socorro internacional à população.
Na África Central, as guerras tribais confrontam hutus e tutsis, gerando massacres e instabilidade política em Ruanda, Burundi e República Democrática do Congo (ex-Zaire). Após décadas de luta guerrilheira, o ditador Mobutu foi deposto por Kabila, que vem governando o Congo, mas reluta em marcar eleições.
Em Angola, desde a independência, as rivalidades entre etnias e seus grupos políticos já causaram 1,5 milhão de mortos. Embora tenham feito um acordo de paz, forças do governo (MPLA) e guerrilheiros da Unita ainda combatem pelo controle de áreas do país, transformado em campo minado.
A rica África do Sul é um caso especial. Estável politicamente, viveu até os anos 90 sob a política de segregação racial -apartheid. O Congresso Nacional Africano negociou com o governo de minoria branca o fim do apartheid. Nelson Mandela, líder do CNA, foi eleito presidente.
As raízes dos problemas africanos estão na exploração colonial européia do século 16 e do 19 (neocolonialismo). Fornecedora de escravos, matérias-primas e minérios, a África foi oficialmente partilhada na Conferência de Berlim (1884-85), que criou fronteiras artificiais e ignorou as tradições locais.
Nas décadas de 1950 a 70, em plena Guerra Fria, a descolonização levou à formação de países onde as rivalidades persistiram.
Na nova ordem, a África não desperta os mesmos interesses do passado. Tornou-se um "continente esquecido", onde a tragédia humana é rotineira.

Maria Odette Simão Brancatelli e Cinilia T. Gisondi Omaki são professoras de história do Colégio Bandeirantes.

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