São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997 |
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Seleção brasileira é modelo anti-racismo
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
Em Soweto, subúrbio de Johannesburgo dominado pela comunidade negra, panfletos exibiam imagens de Ronaldinho, Romário e Zé Roberto, apresentados como representantes dos negros brasileiros, e Dunga, Leonardo e Taffarel, representando os brancos. "Eles juntaram suas forças e foram campeões mundiais. Por que não fazemos o mesmo? Negros ou brancos, somos todos sul-africanos", diziam os panfletos. Líderes negros de Soweto explicaram que eles foram impressos pelo governo federal, que tenta apaziguar os conflitos raciais na África do Sul. O apartheid, política de segregação racial que predominou até o início dos anos 90, deixou marcas profundas no país. Nos estádios de futebol, por exemplo, brancos e negros entravam por rampas separadas. Os lugares também eram distintos. Hoje, mesmo com o fim do apartheid, não é comum vê-los misturados nos campos de futebol. "Virou um costume os negros entrando de um lado, os brancos, de outro", disse o brasileiro Pio Nogueira, assistente-técnico do Moroka Swallow's, da primeira divisão sul-africana, que mora há dez anos em Johannesburgo. Para Oto Maia, embaixador brasileiro na África do Sul, os panfletos mostram o interesse pela cultura brasileira. "Somos um país fruto da miscigenação. Na África, a cultura é diferente. Até o mulato é visto como uma terceira raça, não sendo bem aceito pelos negros, nem pelos brancos." Ingressos esgotados A atenção que o futebol brasileiro desperta na África é tanta que os bilhetes para o amistoso de domingo, contra a África do Sul, já estão esgotados. No total, 61 mil entradas foram vendidas, apesar de a partida ter transmissão direta para Johannesburgo, cidade que abrigará o amistoso. O jogo, às 19h locais (15h de Brasília), será no Ellis Park. Texto Anterior: Time deve fazer amistoso com a Jamaica Próximo Texto: Acordo tira titulares da seleção Índice |
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